Copo de 3: Morgadio da Calçada branco 2006

14 março 2008

Morgadio da Calçada branco 2006

Certos vinhos merecem por si só uma atenção especial, em vez de se cair em comparações supérfluas com vinhos de outras paragens, situações que por vezes apenas confundem o comum apreciador, que alheado dessas realidades fica ainda mais confuso com nomes que não fazem parte do seu mundo da apreciação. Penso que nestes casos, servirá de pouco afirmar que um hipotético vinho em prova, tem semelhanças com um qualquer Montagny proveniente dos solos calcários da Côte Chalonnaise.
Deixando os actos de vanglória para actores de outros palcos, cabe aqui destacar a segunda colheita deste branco Duriense, um vinho que demonstra que a nova vaga de vinhos brancos em Portugal tem cada vez mais qualidade.
Resultante de uma parceria entre a família Vilas Boas (Casa da Calçada) e da casa Niepoort, saem os vinhos Morgadio da Calçada, sendo alvo de prova as segundas colheitas já disponíveis no mercado, neste caso o branco 2006.
O Morgadio da Calçada foi instituído nos finais do séc. XVII pelo Desembargador Jerónimo da Cunha Pimentel na aldeia história de Provezende. Os vinhos aqui produzidos, são o resultado do encontro da chancelaria de qualidade Niepoort com as extensas vinhas da casa da Calçada, e ao que parece, Dirk Niepoort tem um fascínio pelas vinhas de Provezende, sendo que com esta parceria vai permitir explorar a criação de uma nova linha de vinhos do Douro e Porto.
O Morgadio da Calçada é produzido a partir de vinhas com 20 anos onde predominam a Codega e o Viosinho, para além de vinhas muito velhas (80 anos) onde predomina a Malvasia fina.

Morgadio da Calçada branco 2006
Castas: Codega, Rabigato, Viosinho, Arinto, Malvasia - Estágio: 7 meses em barricas de carvalho francês e cuba inox - 14% Vol.

Tonalidade amarelo citrino com rebordo esverdeado
Nariz com aroma de bela intensidade, perfil fresco e floral (lavanda, alfazema) com a fruta (banana, pêra, citrinos) em toada madura bem ligada a suaves notas do estágio em barrica (baunilha, fumo e tostados). Elegante no seu todo, contando com uma boa complexidade que se retoca com nota de mineralidade em fundo.
Boca de entrada fresca, tal como em toda a restante prova a frescura está presente e bem balanceada, mostrando um bom volume, sintonia mais uma vez entre fruta (citrinos) com suave floral. A madeira por onde passou, confere uma certa untuosidade, num vinho equilibrando e harmonioso, em final a lembrar cascalho molhado, de bela persistência final

Ao consumidor mais desatento por vezes vinhos como este passam completamente ao lado. Um branco que respira qualidade e com um preço, a rondar os 9€ em garrafeira, mais acessível do que a maioria dos brancos de passerelle que por aí desfilam. Apresentando-se com um nível muito acima da média, não vira costas a um tempo de cave onde porventura irá refinar e ganhar mais alguma complexidade.
16,5

1 comentário:

Fernando Souto disse...

Fiquei desde logo fan da colheita de 2005 que considero superior. Tenho provado com assiduidade esta colehita de 2006 e notado uma evolução muito positiva desde a 1ª prova em inícios de Setembro do ano passado até agora.
Quase me apetecia "quotar", para este vinho,uma parte do seu comentário acerca do Casa de Santar Res.Bco.2006 :(Dos ecos que se ouviam a quando da sua saída para o mercado, dizia-se que o vinho estaria ainda jovem e (mutíssimo - acrescento eu) marcado pela madeira, o que seria natural. Neste momento está diferente para melhor, mostra-se em plena forma, pronto a dar muito prazer).

Belo vinho, portanto.

Saudações enófilas
Blacko

 
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