Copo de 3: 2013

30 dezembro 2013

Vale da Mata Reserva 2009

Depois de já aqui ter provado o colheita 2009 do Vale da Mata (nome de uma pequena vinha na encosta da Serra de Aire, nas Cortes, Leiria), chega a vez do Reserva do mesmo ano. É um vinho da região demarcada de Lisboa, produzido por Catarina Vieira (Herdade do Rocim), cujo preço sensato ronda os 18€ e que merece toda a atenção. Prima pela frescura, elegância na boa concentração da fruta limpa e bastante saborosa, bem interligada com madeira que surge de forma suave, amanteigado ligeiro com baunilha seguido por balsâmico de fundo. Todo ele envolto numa bela complexidade, muito bem delineado com corpo cheio de sabor que nos preenche o palato, fresco e frutado. Um vinho onde a madeira apesar de presente se mostra cooperante e nada cansativa, todo ele portanto muito pronto a beber com bastante satisfação. 92 pts

22 dezembro 2013

Feliz Natal



O Copo de 3, deseja a todos os leitores deste espaço e respectivas famílias, um Santo e Feliz Natal.

Colecção Privada Domingos Soares Franco Espumante Moscatel Roxo Rosé 2012

Será certamente o exemplar mais exótico provado nos últimos meses, na verdade este espumante oriundo da José Maria da Fonseca consegue dotar-se qual ave do paraíso de algo diferente e que nos prende a atenção num conjunto aromático muito picuinhas, pouco exuberante, quase que perfume de menina. Um toque de lichia, meloa e floral suave, água de rosas, envolvente e muito simpático. Na boca mostra frescura, corpo delicado indo ao encontro da prova de nariz, diferente muito diferente, por isso mesmo o preço ronda os quase 15€ e valerá sempre a pena para apreciadores de espécies exóticas. Bebeu-se alegremente a acompanhar uns quantos acepipes na base de uma boa conversa. 89 pts

21 dezembro 2013

Vale da Capucha Reserva branco 2011

É vinho com entrada directa para o meu top 10 dos melhores brancos nacionais abaixo de 10€, o Vale da Capucha Reserva 2011 (Lisboa) cativou-me desde a sua primeira prova num evento da especialidade. Foi de tal maneira que tive de voltar a provar em casa e entender um pouco melhor o que então me tinha caído no copo. Maioritariamente Viosinho com 53%, complementa-se com Arinto e Antão Vaz, num todo bem fresco com travo mineral de fundo, preenchido por fruta (branca, citrinos, leve tropical) suculenta e bem fresca, folha de limoeiro e flores brancas. À sua volta paira madeira de bom nível, nada que incomode, apenas o torna um pouquinho mais confortável, com calda do ananás a aparecer após algum tempo de copo. Boca a condizer, belo travo cítrico-mineral de fundo, num vinho que ainda se mostra muito novo e em fase de arrumações, podemos sentar e beber um copo mas será certamente lá mais para a frente que terá algo mais a dizer. Um reparo de acordo com o meu gosto pessoal era ter um bocadinho mais de acidez e certamente o nível era outro. 91 pts

17 dezembro 2013

PSI 2010

Um vinho criado por um "tubarão" da enologia do país vizinho, o nome Pingus não deixará ninguém indiferente tal como o nome do seu criador Peter Sissek. Pois não faz muito tempo (colheitas) que decidiu lançar um novo projecto para a rua, o nome é PSI, vem das letras do nome do criador (P)eter (SI)ssek, a vontade de lançar um vinho mais terra a terra, a fugir às concentrações dos seus primos, mais frescura, mais fruta, com parcelas escolhidas aqui e ali dos associados a este projecto. Se poderia ou não  ser mais barato a coisa deixa de interessar quando o factor dos cerca de 30€ que pedem por ele não se reflectir minimamente no que nos cai no copo. Na realidade o vinho fica muito aquém para quem o compra, dá vontade de praguejar, roça mesmo a sensação de se ter enfiado um grande barrete e na prova que deu num recente almoço deu motivos para não apetecer voltar a ele.

Toda a prova que dá centra-se na fruta, vermelha, com muito morango, framboesa, cereja e companhia limitada, muita fruta madura mas pouco definida e amontoada num todo onde a madeira pouco se faz notar, o problema a meu ver é que toda esta simplicidade em forma de harmonia e frescura fica-se por aqui... falta nervo, carácter, nesta altura passam-me pela memória inúmeros vinhos feitos nos mais variados pontos de Portugal que por muito menos €€€ nos dão muito mais prazer. Culmina com uma prova de boca que apesar da presença sumarenta e opulenta da fruta banhada por uma boa acidez com que dá entrada, a madeira mostra-se aqui ligeiramente mas acompanhada de especiarias, depois começa a estreitar-se num final que termina espaçado e algo frouxo que quase que nos deixa apeados. No final é vinho que não nos trás nada de novo, não consegue transmitir sequer uma pitada de emoção ao provador... a não ser lamentar os quase 30€ que pagou. 89 pts

15 dezembro 2013

Terras do Suão Reserva 1985

A Cooperativa Agrícola de Granja foi fundada em 1952, hoje com 60 anos de vida, terá sido o patinho feito das Cooperativas Alentejanas, aquela cujos vinhos mais passaram ao lado dos copos do consumidor. Terá tido o seu momento mais alto, no que concerne à produção de vinhos, no final da década de 1980 com o prémio de Campeão do Mundo, numa competição que decorreu na Ex-Jugoslávia. Prémio que à boa maneira Portuguesa se elevou aos píncaros como sempre se faz e prolongou a fama e preço do respectivo nos anos seguintes. A adega fica situada na margem esquerda do Guadiana e a fazer fronteira com grande parte do lago de Alqueva, a existência de bastantes vinhas em pé-franco, nomeadamente de Moreto, que estará na base deste Terras do Suão Reserva 1985.

Na sua caminhada para os 30 anos de vida, este vinho foi uma alegre surpresa no copo. A fruta que mostrava ainda alguns sinais de vida, madura e limpa, acompanhada por muita compota com toques de licor de frutos do bosque e couro. Um bouquet à justa mas que para a idade que tem se mostra muito bem, numa prova de boca fina e macia, com sumo da fruta a dar passagem a travo de cacau morno, boa frescura num todo elegante e a mostrar apontamento seco no final de boca. A nota final reflecte a clarividência que denotou durante toda a prova, sem grandes atropelos, amontoados ou desmoronamento... direi mesmo que foi bom enquanto durou. 88 pts

11 dezembro 2013

Alves de Sousa Memórias

O conhecido produtor Domingos Alves de Sousa (Douro), comemorou recentemente 20 anos (1992-2012) de um percurso vínico invejável. Que melhor maneira para celebrar do que lançar no mercado um vinho que fosse o espelho dessa sua dedicação ao longo dos anos, um vinho único e muito especial (não tem ano de colheita) que é fruto de um lote dos melhores anos e das melhores vinhas do produtor. Ficou por apurar por completo a história, que a dose de mistério aguça a curiosidade, mas anotado ficou que entre 2003 e 2009 foram incluídos vários lotes, que teve como resultado 1500 garrafas magnum com preço a rondar os 160€.

De aroma complexo ainda que algo amontoado e com falta de esclarecimento, profundo e coeso, muito apertado, com muito para mostrar ao longo do tempo que nos rodopia no copo com base na fruta vermelha rechonchuda, compota, cacau, bálsamo e café. Apesar disto tudo o vinho é fino, pouco ou nada extraído e assente numa base elegante. Boca com passagem saborosa de estrutura firme, frescura e persistência, leve bálsamo com secura final. Lado a lado com o Quinta da Gaivosa 2008 a escolha recaiu sobre este segundo. 93 pts

10 dezembro 2013

Luís Pato Pé Franco Vinha das Valadas 2011

É o mais recente "brinquedo" a sair da adega de Luís Pato (Bairrada), o novo irmão do Quinta do Ribeirinho Pé Franco, a dar pelo nome de Vinha das Valadas Pé Franco. O que os difere será o solo onde as vinhas de Baga estão instaladas, na Vinha das Valadas é argilo-calcário enquanto que no Ribeirinho é arenoso. Numa manhã em que o produtor carinhosamente nos brindou numa inesquecível vertical de Quinta do Ribeirinho Pé Franco e Vinha Formal, culminou com a apresentação deste novo "brinquedo" que vai ser caro e raro. Destaca-se o rótulo numa clara piscadela de olhos ao mercado Asiático é mais que visível nos detalhes do rótulo, mais uma vez a genial veia comercial de Luís Pato a trabalhar. Está previsto um aumento de produção mas teremos de esperar por novo lançamento, no entanto deste 2011 apenas foram engarrafadas 23 magnuns e 20 garrafas... coube a honra de abrir a nº2.

Numa passagem pela sala de barricas onde se provou entre outros aquele que vai ser o Ribeirinho Pé Franco 2011, a comparação com este Valadas foi obrigatoriamente alvo de conversa entre todos os presentes. O vinho aproxima-se mais a um Barrosa no estilo do que de um Ribeirinho Pé Franco, os barros fazem aqui toda a diferença, a Baga torna-se gulosa e o vinho fica mais macio sem perder estrutura e energia, direi em tom de brincadeira que ficou mais Alentejano. Muita finesse de aroma, mais pronto a beber e menos aguerrido que o Ribeirinho, sedutor com frescura, complexidade muito boa com toques de fruta (mirtilos, cereja ameixa preta) bem madura acompanhada por toque de mocha café, ligeiro fumado com ervas aromáticas em fundo. Na boca explosão de sabor, estruturado e com toque de chocolate a envolver a fruta muito limpa numa passagem cheia de glamour e frescura que o guia num fundo cheio de nervo e que lhe vai proporcionar longa vida em garrafa. Enorme evolução no copo, um vinho que se bebe e volta a beber e quando queremos mais um copo já acabou... 95 pts

Lima Mayer 2 Tintos 2009

É a mais recente novidade do produtor Lima Mayer (Monforte), um vinho que resulta na junção de dois tintos, duas castas tintas, Alicante Bouschet e Petit Verdot. Enquanto a primeira já conhece os cantos à casa, leia-se Alentejo, a segunda começa a adaptar-se muito bem, aqui o resultado é excelente e o vinho resulta em pleno com muita coisa bonita para nos mostrar. Não vem à conversa saber se este é ou deixa de ser o topo de gama do produtor, deixo esse lugar para o Lima Mayer Reserva. 

Aqui o que temos é um vinho já muito pronto a beber com um inegável travo morno que o Alentejo lhe confere, conquista no imediato pela facilidade de prova, pelos encantos dos seus aromas, tudo com muito prazer, fruta gorda e sumarenta com toque de geleia, madeira de qualidade aporta travo de baunilha, cacau, especiaria, todo ele embrulhado numa boa capa de frescura. Na boca é amplo, muito sabor com bela presença da fruta doce e suculenta que explode de sabor, cacau e pimenta, nunca deixa de ser elegante, boa frescura com final longo e uma estrutura que lhe permite andar aí pelas curvas do tempo. A única coisa que não agrada são os quase 37€ que pedem por ele, sem mostrar razões a meu ver para custar três vezes o Lima Mayer colheita (12€). 93 pts

10 Sugestões de Natal: Livros

Sugestões de Natal e são logo 10 livros para começar, livros que tenho por casa, exemplares que em algum momento me serviram e servem de inspiração, com os quais aprendi e continuo a folhear e a utilizar vezes sem conta. Alguns já cá moram faz alguns anos, outros são novidades recentes, todos eles diferentes e em alguns casos autênticas bíblias sobre o tema que abordam.Seis livros são de gastronomia, abordam cozinhas que aprecio e que replico vezes sem conta aqui por casa, mais ou menos ricos em fotografia os textos valem ouro, em todos eles as receitas funcionam na perfeição. O primeiro de todos e um dos que me acompanha para todo o lado é o Moro: The Cookbook (há o segundo volume), livro feito pelo donos de um restaurante com o mesmo nome, cuja cozinha se inspira em Espanha, Marrocos e Oriente Médio, uma fusão de sabores e saberes com muita informação pelo meio sobre diversos ingredientes. Desde o exemplo mais clássico e intemporal da cozinha Indiana de Madhur Jaffrey até Marrocos pelas mãos da escritora Paula Wolfert com um livro que se transformou numa pedra basilar de todos os que gostam de cozinha Marroquina, passando pelo guru da cozinha Thai, David Thompson autor do livro Thai Food, numa viagem ao mundo dos sabores da cozinha de rua Tailandesa. Ou que dizer do descontraído Jamie Oliver que consegue naquele que é o seu melhor livro captar a essência da cozinha Italiana, rico em imagens e receitas que nunca nos cansamos de repetir uma e outra vez, tal como o mais recente livro no mercado o Kitchen Memories que na onda de Jamie Oliver nos transporta para uma cozinha simples e reconfortante. Sobre os restantes livros, Uncorked leva-nos a descobrir o mundo por dentro de um copo de Champagne enquanto que Taste Buds é um livro fascinante na abordagem que faz sobre o tema do gosto e das combinações entre vinhos e comida, um livro feito por génios. Para o fim ficam dois livros mais técnicos, um de harmonizações do mais completo que tenho em casa e o Professional Chef é simplesmente A OBRA obrigatória para quem quer realmente saber o que anda a fazer na cozinha.



 

08 dezembro 2013

Domaine des Baumard Quarts de Chaume 2006

É um dos segredos mais bem guardados no que a vinho doce diz respeito, nas vinhas de Chenin Blanc plantadas ao longo do rio Layon (Loire), fica um local muito especial, a appellation Quarts de Chaume. É daqui que sai o topo de gama do Domaine des Baumard, num local com condições favoráveis ao desenvolvimento da Botrytis, aqui na colheita 2006. Famoso e ao mesmo tempo controverso o Domaine des Baumard conseguiu com este vinho criar um verdadeiro monstro sagrado com poucos rivais à altura, basta provar o 2005 para se entender aquilo que falo. Um vinho que podendo ser bebido no imediato vai durar e ganhar bastante com o tempo em garrafa, o prazer esse está mais que garantido com  todo o detalhe e rendilhado associado às mãos de um dos grandes mestres. Paga-se um preço a rondar os 45/50€ depende da colheita em causa por uma garrafa de 0.75cl que vale cada cêntimo tendo em conta a excelência com que nos presenteia.

Delicado e preciso, fruta muito pura e madura (alperce, pêssego, clementina, manga) envolto em calda fina e cheio de frescura com toque evidente de botrytis, flores, enorme complexidade de fino rendilhado, invoca sensação de untuosidade. Apetece cheirar uma e outra vez sem parar, na boca entra macio e envolvente, conquistador com sabor e frescura, guloso, lascivo, harmonia e finesse, mineralidade a dominar o pano de fundo. Muito puro, muito singelo mas com belíssima presença de todas as suas componentes onde dá primazia a uma fantástica harmonia de conjunto. Bebe-se até ao fim da garrafa, ficamos a olhar para os amigos e sorrimos, olhamos para o copo e despejamos a última gota, grande vinho. 95 pts

04 dezembro 2013

Lello Reserva 2009

É tinto Duriense Reserva de 2009, produzido pela Sociedade de Vinhos Borges e tem um preço a rondar os oito e pico euros. Gosto da imagem tipo cavaleiro negro, escuro a invocar fruta negra compacta e sumarenta, compota, leve torrado com toque de rusticidade que lhe percorre a alma. Complexidade comedida, é vinho terreno e que não almeja aquilo a que não foi talhado para chegar. É por isso e apenas só um vinho com qualidade acima da média, onde se sente um Douro muito presente cuja prova não disfarça e só lhe fica bem. De resto a conversa do costume, acompanha bem pratos com bom tempero, pernil de porco no forno por exemplo. 89 pts

Pasmados branco 2009

A todos os que possam questionar qual o branco topo de gama do produtor José Maria da Fonseca, a resposta é Pasmados branco, este mesmo que agora nos chega ao copo. Estranhamente ou não, (Viosinho (50%), Arinto (30%) e Viognier (20%) de 2009, este vinho apenas é lançado (PVP: 7,49€) após um período mínimo de dois anos durante os quais fermenta, estagia e repousa nas caves do produtor. 
Um que vinho que se sente diferente no primeiro contacto devido à normal evolução que já leva no tempo, muita fruta madura (pêra, alperce, limão) com geleia, petrolina ligeira, sensação de untuosidade, frescura, notas de estrela de anis num misto de fina e delicada complexidade. Na boca é um vinho onde a fruta se destaca acompanhada por um toque untuoso e bem coberto por uma acidez que lhe percorre todo o palato, secura sentida no final que lhe aguça a voracidade na mesa, embora com toda a sensação de cremosidade com notas de evolução chame por peixes nobres no forno ou com um Queijo de Azeitão a acompanhar. 91 pts

03 dezembro 2013

Quinta da Bica branco 2012

É a mais recente colheita do Quinta da Bica(Dão) branco a entrar no mercado, aqui 2012, com lote repartido entre Encruzado e Verdelho. Claramente diferente do que habitualmente se encontra no copo, é branco fresco e de enorme candura, onde a fruta (melão, lima) nos guia de mãos dadas com flores, erva cidreira e uma delicada carga de ervas aromáticas. Na boca é envolto em sabor marcado por fruta e leve tisana de ervas, mediano no corpo, com final seco, delicado e com uma mineralidade que lhe assenta lindamente. Um branco que gosto e recomendo, que tenho em casa e gosto de servir à família e aos amigos. O preço ronda os 5,40€ e coloca o vinho com uma relação preço/satisfação muito boa. 91 pts

28 novembro 2013

La Chispa Negra 2008

Conquistou-me desde a primeira vez que o provei no dia em que visitei o produtor em Toro, foi mostrado como  Anthony Terryn (Dominio del Bendito) sempre nos mostra os seus vinhos, com um brilho nos olhos, uma satisfação plena de quem ali naquele momento nos mostra o resultado de muito trabalho, de muita dedicação e acima de tudo uma paixão imensa pela terra. O vinho é classificado como vinho de mesa, o que aqui não interessa rigorosamente nada, um tinto doce, elaborado a partir de uvas de Tinta de Toro passificadas de maneira natural. O resultado é um vinho surpreendente, onde fruta suculenta, notas de passa, canela, se combina numa bela complexidade, nota que a concentração de açúcar se rebate pela belíssima acidez que lhe percorre todo o corpo. Custa 28,50€ na loja do produtor e torna-se uma perdição a acompanhar chocolate negro. 93 pts

Esporão Private Selection branco 2009

A Herdade do Esporão (Alentejo) celebrou recentemente os seus 40 anos, desde sempre teve por costume convidar um artista para lhe "decorar" os rótulos, terá sido pois o primeiro vinho a nascer em Portugal onde a Arte e o Vinho andam de mãos dadas. Não faz muito tempo lançou para o mercado uma série de rótulos da autoria da artista plástica Joana Vasconcelos, que serão dos mais belos que me lembro em Portugal. A cair no copo tenho o Private Selection branco de 2009 (pvp 24€), um vinho que não gosto de beber no imediato quando é colocado no mercado (provado recentemente o Private Selection branco 2011), gosto de lhe dar algum tempo em garrafa, para serenar todo aquele conjunto cheio de frutas (alperce, pêra, coco) com ligeira calda, tosta... Por agora o aroma mostra-se complexo, a madeira mais acomodada, muita elegância da fruta bem presente. Relembro que o lote deste vinho é tudo menos Alentejo, nele moram coisas como Semillon, Marsanne e Roussanne, um conjunto de hippies que veio de fora e lhe deu origem. Na boca  cativa pela sua envolvente, untuoso com sabor a fruta fresca e gorda, roliço sem cair no enjoo salvo por uma acidez mais que suficiente, todo ele com muito sabor e longo final. 93 pts 

27 novembro 2013

Lima Mayer 2008

Os vinhos Lima Mayer nascem ali para os lados de Monforte, são vinhos criados por Rui Reguinga e cabe desta vez falar sobre o Lima Mayer tinto da colheita de 2008 (pvp a rondar os 12€). Estes vinhos apenas vêm a luz da prateleira quando atingem um ponto de consumo que o produtor considera ideal, mesmo que ainda neles habite a possibilidade de envelhecer por mais uns bons anos. Neste caso é o 2008, um vinho de recorte mais clássico deixando de lado opulências desmesuradas, é elegante e fresco, envolto numa fina complexidade, barrica integrada onde apenas ajuda a complementar todo o conjunto. É um vinho bonito e feito com muito bom gosto, desponta ligeira austeridade numa prova de boca com corpo mediano mas cheio de sabor e boa persistência, acompanhe-se com umas costeletas de borrego panadas. 91 pts

.Com 2010

O vinho que se segue da autoria do produtor Tiago Cabaço (Estremoz), é um vinho cujo preço não foge muito aos 3.80€ e o coloca no apetecível patamar do consumo diário, com qualidade bem acima da média. O que se destaca é que sem sequer sentir o cheiro da barrica, apenas navega no frio do inox, um vinho com carácter que apresenta estrutura e robustez suficiente para namorar uns bons tempos na garrafa. Para já, está com a barba por fazer, expressivo na fruta madura com travo de pimenta preta e chocolate preto, boa intensidade em nariz e boca, frescura suficiente para evitar desmaios numa estrutura firme com taninos algo presentes. Para o despachar agora recomenda-se prato com boa intensidade nos condimentos, uma Cachola de Porco por exemplo. 89 pts

26 novembro 2013

Olho de Mocho Reserva 2010 , os encantos da Vidigueira.

A Herdade do Rocim tem pé ante pé, vindo a afinar os seus vinhos, o detalhe e o bom gosto tomaram conta daquela Herdade ali bem perto da Vidigueira. Nota-se na envolvente de toda a gama de vinhos, no carinho que os envolve, até na maneira como são dados a conhecer, nada é deixado ao acaso, novamente um mundo de pequenos mimos dirigidos por uma mão feminina, a mão da produtora Catarina Vieira. E nesta caminhada vão sendo afinados e retocados colheita após colheita, aprendendo e mostrando que ali é possível nascerem grandes vinhos.

O Olho de Mocho Reserva está agora melhor que nunca, brilha nesta sua colheita de 2010, mostrando raça, frescura e elegância. Todo ele muito afinado, muito bem detalhado com aromas maduros, numa bonita complexidade que está a cargo do trio Alicante Bouschet, Touriga Nacional e Syrah. Cheio de vigor de uma fruta suculenta e fresca, muita garra mas ao mesmo tempo elegância a despontar com uma boca cheia de sabor a fruta sumarenta com apontamentos da barrica bem integrados. Beba-se agora que dá muito prazer, neste caso foi com um fantástico Arroz de Pato no forno, o preço ronda os 15€ e mostra-se sensato face ao apresentado. 91 pts

25 novembro 2013

Clos Floridène blanc 2012

É no terroir de Graves (Bordéus) dominado pelo cascalho e de forte presença calcária, que nascem vinhos brancos de enorme qualidade e com forte personalidade. O Clos Floridene, criado por Denis Dubordieu, apelidade como o mestre dos brancos de Bordéus, tem como base um lote de 52 % Sauvignon Blanc - 47 % Sémillon - 1 % Muscadelle com direito a  passagem por madeira. Este branco seco tem a amabilidade de envelhecer nobremente, muito sereno ganha com cada ano de garrafa, por agora o 2012 mostra um nervoso miudinho de como quem ainda anda a decorar o guião. O preço varia conforme o local, mas encontra-se com preços que variam entre os 15-19€.

Todo ele puro, repleto de fruta branca, notas de limão maduro e rechonchudo e alguma flor, pêssego, pelo meio mostra leve tosta, croûtons, com final marcante e muito mineral (pederneira). Vinho sério, cheio de sabor, secura com o fruto de caroço a marcar presença, pêra bem rija, tenso com corpo médio e todo ele a mostrar elegância e pureza. Apesar da prova que dá ser muito boa está claramente virado para brilhar daqui por um par de anos, dizem que é feito para a barreira dos 10 anos, eu não sei se o consigo aguentar tanto tempo assim no descanso da cave. De momento, servido com dupla decantação, brilha a acompanhar um Arroz de Lingueirão. 92 pts

20 novembro 2013

Lello 2010

Chega do Douro este Lello colheita 2010, produzido pela Sociedade dos Vinhos Borges cujo preço ronda os 4€ numa grande superfície comercial. Vinho fácil de encontrar e de fácil abordagem, nada complicado mostra o toque terroso do Douro, mais robusto e menos macio, com secura no fundo e algo agreste. Passagem de boca com muito sabor a fruta escura esmagada, ameixa e cereja, frescura média num conjunto correcto e agradável. 86 pts

19 novembro 2013

Quinta das Bágeiras Super Reserva 2010

Vindo de onde vem este Espumante Super Reserva (preço a rondar os 9€) não poderia ser diferente daquilo a que o produtor Mário Sérgio e a sua Quinta das Bágeiras (Bairrada) já nos têm acostumado ao longo dos anos. Aqui na sua colheita 2010, desfila num perfil bem clássico e fora de modas, conjugando raça e austeridade, resultando num conjunto de boa intensidade com notas de ameixa branca, citrinos, amêndoa pelada. Na boca saboroso, muita frescura com fruta a dar o corpo ao manifesto e a marcar presença (citrinos), secura em fundo num conjunto que mostra vigor e equilíbrio. Nada meigo e a exigir bons pratos por perto, por exemplo uma Massada de Peixe. 90 pts

17 novembro 2013

Termeão Pássaro Branco 2007

Rezam as lendas contadas por alguns aventureiros que lá por detrás das montanhas mora uma terra que dá vinhos de sonho, por lá tudo será maravilhoso e muitos nunca mais de lá saíram tamanho o feitiço e poder das terras de Pinot e Chardonnay. Não fará muito tempo que tive oportunidade de provar alguns tintos de lá oriundos, vinhos que as pessoas à minha frente se acotovelavam para levar um simples gole à boca, naquele primeiro lote de frascos poucos foram os que me enfeitiçaram... corro o risco de afirmar que este Termeão da Campolargo (Bairrada), um lote bem nacional composto por Touriga Nacional e Castelão, se mostra bem melhor que alguns daqueles básicos Borgonheses. O tempo que leva de garrafa fez-lhe maravilhas e transformou o vinho num misto de elegância, frescura, perfume e prazer, com uma fruta em leve toque doce e muito limpa. Custou face ao que mostra a bagatela de 6€ numa grande superfície, 91 pts

15 novembro 2013

Cardeira Reserva 2010

Cativou-me pelos primeiros aromas que debitou no copo este Cardeira tinto em formato Reserva 2010. Alentejano vaidoso com um extra de charme acrescentado pela barrica de boa qualidade onde nadou, coisa boa portanto, depois é fruta grossa e bem madura, redonda, com muito suco à mistura. Embrulha-se tudo em tosta, baunilha, cacau morno e algum pelo na venta. Mostra-se bom de corpo, presença acima da mediania, muito bem por sinal. Tudo para afinar, o vinho apesar de algum atabalhoamento que tem, aqui precisava de um pouco mais de descernimento e definição naquilo que tem para mostrar, dá prazer e acompanhou muito bem um cozido de grão. Preço alto a rondar os 20 e picos euros. 91 pts

14 novembro 2013

Luis Pato Vinhas Velhas branco 2012

O famoso Vinhas Velhas de Luis Pato (Bairrada) anda com nova roupagem, perdeu aquela cápsula dourada que o destacava entre a multidão, no entanto o vinho continua bem fiel às origens mantendo toda a sua voracidade por tempo de garrafa. Feito com Bical, Cerceal e Sercialinho sem qualquer passagem por madeira, é daqueles vinhos que se alimenta de tempo em garrafa, cresce com isso, evolui e surpreende pela refinada complexidade que então debita no copo. Este que agora falo é o 2012, muito coeso com o aroma a ser uma amalgama de citrinos maduros, pederneira e leve vegetal. Na boca é a frescura que o guia, mineralidade de fundo, marcante no palato com citrinos, fruta de caroço e sensação de algum arredondamento ainda que muito ligeiro. Vinho com muita garra, nervo, direi que muito novo e que precisa de dormir. Por pouco mais de 6€ temos acesso a um belíssimo branco. 92 pts


13 novembro 2013

Marquês de Marialva Baga Bruto Reserva 2011

O que temos aqui é um Espumante Bruto branco elaborado a partir da casta tinta (Blanc de Noirs) Baga feito na Adega Cooperativa de Cantanhede (Bairrada). Um espumante que alia todo o vigor e vivacidade da casta Baga a uma harmonia e delicadeza cativante cujo resultado se esconde atrás de uns bonitos contornos platinados. Na boca é refrescante, sem nunca esconder o vigor da fruta que mostra boa presença, envolto em toque levemente fumado. Uma belíssima surpresa tendo em conta o preço a rondar os 6€, muito recomendável a acompanhar entradas de bom tempero como por exemplo umas iscas de leitão. 90 pts

06 novembro 2013

Quinta do Poço do Lobo Bruto 2008

Fruto de uma recente visita às Caves São João (Bairrada), tive oportunidade de conhecer este espumante, Quinta do Poço do Lobo 2008, um Bruto elaborado em partes iguais de Arinto/Chardonnay. Já aqui tinha falado acerca do Caves São João Reserva, a diferença começa neste que agora falo pela entrada da casta Chardonnay em troca pela Bical e Maria Gomes com o estágio em garrafa, sobre borras, neste caso a ser de 36 meses. O resultado é um espumante elegante e fresco, marcado por citrinos bem maduros, frescura com mousse fina  envolta em toques de fermento, pão torrado. Conjunto com alguma evolução no bom sentido, aconchega mais durante a sua prova, todo ele bem balanceado e a proporcionar bastante prazer à mesa. 91 pts

05 novembro 2013

Terras Gauda Etiqueta Negra 2010

Do outro lado do Rio Minho no vale de O Rosal, mora uma adega especializada em vinhos brancos, Terras Gauda, fundada em 1990. A fama dos seus vinhos desde cedo passou fronteiras e sem perderem muito tempo lançaram um topo de gama no mercado, um branco com direito a uma longa battonage e passagem por madeira. Na altura em Portugal ainda se estava a acordar para aquilo que são nos dias de hoje os fantásticos Alvarinho, Loureiro e companhia. Se naquela altura estava rendido ao trabalho feito do outro lado do rio, hoje em dia é deste lado que rejubilo de alegria com o que me cai no copo. No entanto este Terras Gauda Etiqueta Negra era e continua a ser um dos mais caros brancos de Espanha, preço ronda os 40€. 

O lote  (70% Albariño, 20% Loureiro, 10% Caíño blanco) resulta num vinho cheio, fresco e arredondado com toques de cremosidade sentida junto de flores brancas e fruta (pêssegos, nectarina, limão) muito limpa resultando um bouquet muito bonito e detalhado, a mostrar classe e elegância. Não se cheira e se fica indiferente ou que não se pede o segundo copo para beber... neste caso a garrafa fica vazia e ainda dá vontade de continuar. Boca com boa dose de acidez, nada vincado mas muito sabor no palato com textura suave, fruta madura em calda complementam o final com ligeiro mineralidade, persistência alta. 

O preço parece-me exagerado, apesar de gostar do que me caiu no copo encaro o preço estipulado pela adega como um querer marcar posição no segmento da exclusividade e dos vinhos de boutique. 92 pts

Georg Breuer Terra Montosa 2002

Já faz algum tempo que numa das passagens pela grande superfície comercial aqui perto de casa, me deparei com uma grande quantidade destas garrafas a preço irrecusável, 5€ cada. A compra valeu bem a pena pois o vinho em questão tem proporcionado por mais que uma vez uns belos momentos de prazer. Esta terá sido das que melhor se mostrou, um Riesling do produtor Georg Breuer (Alemanha) pleno de saúde que claramente ganha com decantação prévia, não se descarte pois um bom par de horas de repouso em decanter, porque a magia acontece e o vinho desperta do seu longo sono com uma classe e finesse de aromas muito bonita. 

De mediana intensidade, atraente e delicado, agradável e refinada complexidade, cera de abelha, mineralidade, toque petrolina, fruta de caroço (pêssego, damasco) a pingar alguma calda, depois é frescura a envolver tudo. Na boca entra guloso, levemente melado, a harmonia entre elementos é plena, sem ser arrebatador dá uma prova de grande classe, saborosa e com o seu encanto onde a acidez marca pontos, a mineralidade junta-se à fruta suculenta e acaba na colherada de mel muito fino. É vinho no qual se deambula pelo copo à procura de coisas que escrever e descrever, depois fechamos o caderno e acabamos o resto do decanter... 92 pts

01 novembro 2013

Gutierrez Colosía Palo Cortado Viejisimo


Herdeiras de uma longa tradição, as Bodegas Gutierrez Colosía (Jerez) cuja primeira adega foi construída em 1838 mantendo-se até aos dias de hoje, passando por vários proprietários até principio do século XX em que são compradas por D. José Gutiérrez Dosal (bisavô da actual geração da família  Gutierrez Colosía). Este Palo Cortado é um vinho raro e um tesouro guardado na adega por mais de 50 anos, a quantidade que é lançada no mercado anualmente é diminuta e ronda as 500 garrafas de 375ml.

Mais de meio século de clausura faz com que tenha atingido uma complexidade muito bonita a todos os níveis, profundo com nariz pungente onde despontam aromas iniciais de verniz, muito fruto seco tostado (amêndoa e avelã) barrados por toque amanteigado, creme pasteleiro, tâmaras, laranja caramelizada, madeira velha, envolto num ambiente que aporta a sensação de untuosidade. Na boca entra cheio de sabor, ligação directa à prova de nariz, acidez muito presente envolto por untuosidade, amêndoa, avelã, toque salino, tem muito boa presença  num final de enorme persistência.Como se pode ler no rótulo, é um grande vinho de meditação, sozinho ou acompanhado. 95 pts

30 outubro 2013

Monte dos Cabaços Colheita Seleccionada branco 2011

Os vinhos da produtora Margarida Cabaço são vinhos com personalidade bem vincada, num simples desenrolar de conversa a forma apaixonada com que nos fala dos seus "meninos" dá para entender que por detrás dos seus rótulos moram vinhos com uma identidade muito própria e isto nos dias de hoje tem mais valor do que se possa imaginar. Em foco o Monte dos Cabaços Colheita Seleccionada branco da colheita de 2011, relembro aqui a primeira colheita (2005),  lote de Antão Vaz, Arinto e Roupeiro mantido no frio do inox até saltar para dentro da garrafa.

Sem ser muito exuberante, é um vinho sério que mostra uma boa quantidade de fruta bem madura, limpa, fresca e saborosa, lembra limão, maçã verde, toranja, lima, folha verde de limoeiro e flores brancas. Fundo dominado por mineralidade, um vinho de boa complexidade onde se sente o nervo, com belíssima frescura/acidez na boca, muito bem estruturado com boa harmonia de conjunto. O tempo está a ser bom conselheiro, o vinho mostra-se cada vez refinado, a fruta amadureceu e começa a estar envolta em calda, presença boa no palato em final de boa persistência. O preço que ronda os 5/6€ será motivo para o ter mais vezes por perto. 91 pts 

Monte dos Cabaços Reserva 2005

Este Monte dos Cabaços Reserva 2005 foi-me apresentado pela primeira vez no Restaurante São Rosas (Estremoz) a convite da produtora e proprietária do espaço, Margarida Cabaço. O vinho conquistou-me na altura pela frescura, complexidade e vigor que debitava no copo, quanto mais rodopiava mais atractivo se tornava. Desde então tem sido um vinho que tenho acompanhado com alguma regularidade, mostrando uma evolução muito bonita, relembro que por 15€ podemos ter um belíssimo vinho na nossa mesa.

Gosto e destaco neste vinho a facilidade com que nos cativa, sem deixar por isso de ser um  tinto sério, que combina vigor e frescura, com uma limpeza da fruta que se destaca no nariz e saboreia na boca. Amplo e de bela complexidade a mostrar muita fruta vermelha bem sumarenta envolvida em compota, madeira por onde passou durante 12 meses está integrada e resta-lhe a serenidade que apenas o tempo lhe pode dar. Tem arcaboiço suficiente para acompanhar pratos de caça ou umas saborosas bochechas de novilho estufadas em vinho tinto. 92 pts
Bochechas de Novilho estufadas em vinho tinto by Restaurante São Rosas

28 outubro 2013

Lopo de Freitas Bruto 2009

Desde 1937 que a empresa Caves do Solar de São Domingos, produz espumantes, aguardentes velhas, aguardente bagaceira, vinhos Bairrada e Dão. Lê-se também no site do produtor, que os vinhos tem sempre um rosto. Alguém cuja experiência, sabedoria e perseverança são determinantes para a qualidade do produto e satisfação do consumidor. Nas Caves do Solar de São Domingos esse rosto é, desde 1970, Lopo de Sousa Freitas, a quem dedicamos este vinho espumante.

Um Reserva Bruto 2009, feito à base de Cerceal (70%) e Chardonnay (30%) com preço a rondar os 16€. Depois de ter provado do mesmo produtor o Blanc de Blancs, este foi um salto em frente e uma belíssima surpresa face à qualidade que mostrou. Fino e delicado, toque citrino em companhia de maçã, leve rama verde, sensação de boa cremosidade que envolve todo o palato, muita finesse aliando-se a ele a recordação de tarte de limão. Seguindo a máxima de que mais vale um bom espumante do que um mau champagne, temos aqui um belíssimo exemplar do que é um grande espumante nacional que merece ser conhecido e bebido em boa altura e em boa companhia. 93 pts

25 outubro 2013

Manoella 2011

Por via de herança, a Quinta da Manoella no Douro é agora administrada pela Wine&Soul, reconhecido produtor do vinho Pintas (Douro). Ora com a Manoella 2011 (cerca de 12€) a coisa até começou bem, é atrevida na voluptuosidade da fruta esmagada e muito madura que escorre docinha pelo rebordo do copo, uma receita que se repete, perfumado por notas de violeta e esteva, apinhado de tostas e baunilhas a lembrar  vinho muito novo tirado da barrica, taninos a saltitarem na língua envoltos em boa frescura. Na boca tem boa presença, abdica de austeridade para se entregar a curvas mais femininas, pena que toda a qualidade apresentada até aqui fique beliscada (reflectindo-se na nota final) quando o álcool chega e se instala de mansinho no nariz e no final de boca. É aquela sensação de estarmos a receber festinhas e de repente levamos uma chapada... certo, há pessoas que gostam.

PS: No dia seguinte voltei ao vinho, servi mais um copo, até certo ponto parecia que nos conseguíamos entender, mas aquele ruido do álcool em pano de fundo mesmo que não o chegue a dominar, incomoda-me. Enquanto vasculhava os apontamentos lembrei-me dos primeiros Quinta da Manuela que tinha provado, olhei para esta nota e sorri, ele há coisas que não mudam... 88 pts

23 outubro 2013

100 Hectares Superior 2011

Vinho que já se encontra à algum tempo no mercado, custa cerca de 10€ e é um projecto recente que já aqui tinha sido abordado quando provei o branco. Lote composto por Touriga Nacional(30%), tinta Roriz (40%) e Touriga Franca (30%), com o aroma inicial perfumado com muitas violetas, ao mesmo tempo morno, rechonchudo com fruta redonda e sumarenta num toque bem doce que se vai apoderando do copo à medida que a temperatura aumenta. A barrica (tosta, baunilha) a fazer-se sentir, arredonda o vinho e dá-lhe aquele toque convidativo, por vezes enjoativo, especiarias em fundo, com o tempo no copo o álcool começa a espreitar com os seus 16% Vol. Tem um bom volume de boca, muito puxado na fruta, carrega o palato de sabor maduro e gordo, vale alguma frescura que por ali passa e o salva da derrocada total mesmo quando no final somos empurrados por um bando de taninos de facas afiadas. As sensações aqui repetem-se e lembro-me de outros casos semelhantes, tornando a afirmar que não é obviamente este o Douro que gosto e procuro. 87 pts

22 outubro 2013

Monte da Ravasqueira Reserva 2011

Volto a falar de um vinho produzido pelo Monte da Ravasqueira (Arraiolos), desta vez o Reserva 2011 onde se juntou Touriga Nacional (54%) e Syrah (46%), o preço final ronda os 10€ num vinho que tem tudo para agradar. Para todos os que acham o preço elevado olhe-se para este vinho como um bom exemplo que se abre num jantar ou almoço especial, aniversário, Páscoa, Natal... daqueles momentos em que apetece e merece que se abra algo de muito bom mas cujo preço seja sensato. 

E é nesse caso que se começa a falar deste vinho, na maneira como mostra a sua bonita complexidade, na facilidade com que se dá a entender e torna tão fácil a sua abordagem, pleno de harmonia, com muita fruta madura, cacau fino, compota de ameixa, especiaria, bálsamo ligeiro e aconchegado pela tosta e baunilha suave da madeira. Com uma passagem de boca equilibrada, fruta com chocolate, boa presença no palato a marcar toda a sua passagem com frescura bem integrada, final longo e de boa persistência. O dia era de festa e foi o escolhido para acompanhar um assado de borrego no forno. 91 pts

Caves São Domingos Blanc de Blancs Bruto 2010

Não é o tipo de vinho mais consumido aqui por casa, na realidade quase que está ausente do elenco que costuma desfilar pela mesa, mas nos últimos tempos a tendência parece estar a mudar e procuro cada vez mais um bom espumante/champagne/cava para acompanhar a refeição. A escolha recai sempre sobre o estilo "bruto", neste caso elaborado pelas Caves São Domingos um Branco de Brancas da colheita 2010 feito a partir de Bical e Maria Gomes. Não será dos exemplares mais elaborados ou complexos deste produtor, como por exemplo o Lopo de Freitas, mas é um espumante de qualidade que se mostra elegante e fresco, flores brancas e fruta madura (maçã, limão) juntam-se num conjunto repleto de vivacidade e harmonia, nada cansativo mostrando-se com boa presença de boca, acidez que revigora o palato tornando-o muito versátil à mesa com preço tentador que ronda os 5€. 89 pts

21 outubro 2013

Domingos Soares Franco Colecção Privada Syrah/Touriga Francesa 2011

Das últimas criações a entrar no lote da Colecção Privada do Enólogo Domingos Soares Franco, uns pequenos ensaios que todos os anos nos brindam com vinhos diferentes e em alguns casos bem ousados. Desta vez juntou-se Syrah (95%) com a Touriga Francesa(5%), resultou um vinho guloso, com boa frescura e bastante apetecível, mediana intensidade que mostra fruto maduro e cheiroso, muitas bagas escuras, ameixa e chá preto. Perfumado por toque de hortelã, o vinho carregado de fruta macerada mostra uma boa complexidade, embalado numa frescura que o guia do princípio ao fim. Boca a condizer com o que já foi dito, mediano corpo com passagem saborosa e muito agradável, ponta de secura no final de boa persistência. 91 pts
 
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