Copo de 3: abril 2013

29 abril 2013

BSE branco seco especial 2012

Um vinho que dispensa grande apresentação tal a tradição que goza às mesas. É produto da José Maria da Fonseca, um vinho bem disposto, divertido, que se serve e acompanha as entradas, o vinho para descontrair, conversar, o artista que se bebe enquanto se vai cumprimentando quem está e quem chega. Sirva-se bem fresco, a polivalência que detém faz com que acompanhe saladas, marisco, peixe grelhado e comida com toque oriental, desde que não muito puxada no tempero, sushi e companhia são bem vindos. Muita fruta madura e cheirosa, tropical com frutos de pomar nos aromas e sabores, todo ele rendilhado, fino e delicado mas com presença de recorte vincado, boa acidez com um todo que no final é seco. Preço de 3,50€ ... 87 pts

26 abril 2013

Duorum 2011

É desde que se estreou no mercado um dos vinhos que faço questão de ter por casa, razão principal a relação preço/prazer. Para um vinho que se situa no patamar dos 10€ é daqueles que não engana, tanto pela qualidade ou mesmo pela maneira como mostra um Douro cheio de vida, de fruta carnuda e fresca, muito bem delineado e envolvente. É a parceria de luxo, Duorum, entre José Maria Soares Franco/João Portugal Ramos que nos brindam com estes vinhos, lado a lado com o seu primo do Alentejo de nome Vila Santa, são dois vinhos exemplares onde se alia consistência colheita após colheita e a capacidade de guarda é uma garantia. 

Esta é a mais recente colheita a ser lançada no mercado, 2011, apresenta-se marcado pela fruta madura e musculada em tons de negros (groselha, cereja, framboesa), bonitos os aromas florais que vão surgindo tal como a barrica bem instalada no conjunto. Todo ele cheio de vida e o vigor normal da juventude, bom volume de boca, passagem com muito sabor a fruta, mostrando ainda secura na parte final, com tempo de vida pela frente. A beber agora em novo com pratos mais temperados podendo ser guardado para prazeres futuros. 91 pts

24 abril 2013

Quinta da Fonte do Ouro Encruzado 2011

O salto qualitativo em relação ao seu irmão mais novo já aqui anotado, é digamos, para o dobro. Muita qualidade neste Quinta da Fonte do Ouro Encruzado 2011 que mais uma vez mostra a razão dos vinhos brancos do Dão desta estirpe precisarem de paciência e uma guarda de 1 ou 2 anos após lançamento no mercado. A pressa sempre foi inimiga da perfeição e direi também do prazer, os vinhos ganham claramente com o tempo e prazer aumenta com isso. Destaco a evolução e complexidade que este vinho mostrou durante o tempo que me rodopiou no copo, sinal da vida pela frente e que ainda não é o tempo certo, no entanto a qualidade da prova desde já é muito boa. 

É uma fruta ainda madura, plena de sumo e bem desenhada, volume e consistência, mostra-se fresco com um rasgo mineral no palato a acompanhar, bonitos toques de baunilha envolvem o conjunto conferindo uma boa sensação de volume e arredondamento, onde a frescura impera. Sente-se o Dão, sente-se pureza e qualidade, sente-se ainda tudo muito coeso e apertado com vontade de evoluir na garrafeira. Aqui o preço novamente muito atractivo, pasme-se quem lê que o preço indicado ronda os 8,50€... sim a relação preço/satisfação é neste caso muito alta. Fica o desafio, prove e diga o que achou, aqui ou na página #daowinelover. 92 pts

23 abril 2013

Quinta da Fonte do Ouro branco 2012


Em qualquer parte do mundo, seja lá onde for, quando nos apresentam um vinho com um sorriso estampado no rosto, daqueles de quem fala de algo muito seu, é sempre fantástico. Foi desta maneira que os vinhos da Quinta da Fonte do Ouro (Dão) me foram apresentadas pelo seu "pai", o enólogo Nuno Cancela de Abreu. Este branco é o entrada de gama, um Dão que leva Encruzado e um dos seus amores, a casta Arinto, relembro pois que Nuno Cancela de Abreu foi responsável pelo surgimento de grandes clássicos na região de Bucelas. Mais uma vez a casta Arinto mostra a excelência que proporciona a sua companhia, lembram-se como complementa a Antão Vaz? Ora neste caso complementa bastante bem a Encruzado.

O contacto que tenho com esta marca/produtor já vem de longe, remonta a um inesquecível Touriga Nacional Reserva de 1997, ostenta ainda aquele que poderá ser um dos rótulos mais bonitos em solo nacional. No que ao vinho diz respeito, destaco de imediato o preço, inferior a 4€, o que o remete no imediato para a compra obrigatória. 

Quais as razões ? Pela maneira bem fresca como o vinho se mostra, carregado de fruta num alargado leque de citrinos, desde laranja, lima, toranja, depois alguma maçã, pêssego, vinho com boa concentração, corpo mediano, sensação de leve mineralidade e boa secura no final de boca. Não convém esquecer que estamos perante um entrada de gama, não esperar mais do que aquilo que por natureza ele pode dar. Um vinho muito bem feito, de imediata empatia que pede comida por perto, salada de camarão com pêssego e regada por umas gotas de lima. 89 pts

21 abril 2013

E o Dão vestiu-se de branco... #daowinelover #white day

Da esquerda para a direita: Casa da Passarella, Quinta dos Roques, Quinta dos Carvalhais, Quinta do Perdigão, Magnum, Lagar de Darei, DãoSul, Quinta da Pellada, Quinta da Fonte do Ouro
Foi uma tarde repleta de festa enófila, pura e dura, aquela que se juntou à volta dos vinhos brancos do Dão. Dois amigos (Rui Miguel Massa e Miguel Pereira) juntaram-se e decidiram que a sua região precisava de um abanão e de ser colocada na ribalta, região que merece mais e melhor atenção, região essa que se chama Dão. Criaram o grupo no facebook #daowinelover e têm vindo a criar eventos à volta do que de melhor ali se produz. Ora ontem mesmo, no Restaurante Claro (Chefe Vitor Claro) a iniciativa tomou conta do estabelecimento em tons de branco, foram 9 produtores e cerca de 40 vinhos em prova, muita coisa nova mas também alguns vinhos com idade onde os encantos do nobre envelhecer tão característicos dos vinhos do Dão se mostraram a todos os presentes (em bom número diga-se de passagem).

Pelas quatro dezenas de vinhos em prova, a primeira ronda foi apresentada individualmente, ouvidos atentos nas palavras que iam sendo debitadas ao mesmo tempo que o vinho se ia cheirando e provando, todos os brancos de grande potencial, onde os citrinos imperam, onde a mineralidade com toques mais ou menos presentes de baunilha com secura, nervo e alguma contenção os remetem para um consumo quase obrigatório após breve estágio na nossa garrafeira. Qualidade acima da média, em alguns a excelência bem patente, o cunho do Dão omnipresente nas várias nuances, onde a Encruzado brilha a solo ou acompanhado mas onde outras castas se quiseram mostrar desafiando o reinado, Barcelo, Malvasia, Verdelho, Bical, Loureiro...

Sobre os vinhos irei dar-lhes o devido destaque em notas isoladas, foram muitos os vinhos provados pelo que nos tempos mais próximos o vinho do Dão andará por aqui com maior frequência. Resta-me agradecer o convite e fazer um brinde ao Dão.

16 abril 2013

Quinta do Carmo Reserva 2004

Mais uma daquelas garrafas que habitava no lote dos esquecidos que tenho aqui por casa, literalmente nunca foi alvo de escolha para qualquer repasto aqui ou noutro lado qualquer. Um vinho que considerava controverso, quando foi apelidado de grande  nesse tempo achava-o demasiado fechado e pouco falador, depois de algum tempo vozes insurgiram-se que já estaria na fase de declínio, e o vinho naquela altura estaria numa fase menos boa, mais confusa e ora dava uma prova triste ou era uma maravilha. Esta sempre teve direito a condições de guarda muito perto do ideal, sempre foi mimada, embora sempre fosse preterida o que acabou por a deixar ali a um canto. O tempo passou e resolvi dar-lhe uma oportunidade, antes que fosse tarde demais.
A espera e a desconfiança revelaram-se sem qualquer nexo, está um senhor vinho este Alentejano (Quinta do Carmo) de sotaque Francês (Domaines Barons de Rothschild), que em muito honrou a nobre feijoada que o acompanhou. Elegância e complexidade definem este vinho, podemos somar a tudo isso a frescura que lhe percorre a alma, e que perdura no final de boca com uns bonitos tons balsâmicos, mas o vinho é mais que isso. Muita e da boa, a fruta nos toques vermelhos acompanhada de compota, vegetal seco, especiarias, muita classe, evolução para tabaco seco e toda aquela panóplia de aromas que constam dos manuais que indicam vinhos de grande gabarito, depois a fruta pode ou não mudar de tonalidade e a sua definição tal como a frescura do vinho ou concentração do mesmo. Na boca todo ele muito bem composto, carnudo mas ao mesmo tempo profundo, elegante, marca o palato com presença acetinada e fresca. Vinho que não cansa e convida a mais um copo e depois outro até que não fica nem uma gota no final da garrafa. 93 pts

14 abril 2013

Quinta da Gaivosa Porto 10 Anos

Após uma limpeza de garrafeira, deparei-me com este exemplar de Quinta da Gaivosa Porto 10 anos, veio mesmo a calhar uma vez que tinha acabado de tirar do forno um fantástico Sericá que inundava a casa com aquele aroma tão característico. Coloquei a garrafa, devidamente acondicionada na cave climatizada para que ficasse o mais próximo possível de a uma boa temperatura de serviço, no final do jantar o vinho foi aberto e servido. A ligação entre o vinho e a sobremesa foi imediata, para aqueles que gostam de Sericá com a dita ameixa então foi qualquer coisa de fantástico a ouvir pelos elogios que lhe foram fazendo. E isto é o maior elogio que se pode fazer a um vinho, que se beba com muito prazer, que coloque sorrisos nos rostos daqueles que o bebem, que se olhe para o fundo da garrafa e se fique com pena por não haver mais. Vinho fresco, com bouquet refinado, toque de madeira envelhecida, tabaco seco, caramelo, frutos vermelhos com ameixa, aroma rico, cheio e complexo onde no fundo parecem dançar especiarias doces, convidando sempre a mais um pouco. Na boca envolve o palato, só coisas boas, macio e untuoso (frutos secos), fresco , saboroso, de final longo e persistente. Um vinho que se encontra com preço a rondar os 19€, mas independentemente do seu custo, é um belíssimo vinho. 93 pts

Quinta de Camarate branco seco 2012

A primeira coisa que notei quando olhei para a garrafa foi na dita ovelhinha a traçado verde, invoca-se desta maneira as ovelhas na dita Quinta e por sua vez o famoso e excelente Queijo de Azeitão que ali se produz, mensagem subliminar que remete para o casamento entre o queijo e o vinho, caso o tinto venha com um borrego espero que seja bom para o ensopado. Com esta recente mudança de visual agora temos um simpático animal a fitar-nos durante toda a refeição, o vinho vale por si como já nos tem vindo a acostumar desde 1985, mesmo com as respectivas afinações que tem vindo a sofrer com a passada do tempo. No tempo que corre o lote é Alvarinho e Verdelho, todo ele bastante fresco de aromas, muito boa a acidez na boca tal como a secura que o empurra na direcção da mesa. Aromaticamente bem falante, nada de espalhafato, sério e composto, toque vegetal que marca o compasso, flores brancas, fruto tropical e alguma baunilha (arredondamento ligeiro). Na boca entra com sabor a fruta, ligeiramente arredondado e macio no palato, com fundo fresco e seco. Acompanhou uma divinal sopa de cação. 90 pts

13 abril 2013

Pato Frio Selecção Branco 2011

Foi das ultimas boas surpresas que me caiu no copo, em jeito de provocação a garrafa vinha tapada, como já é costume entre o grupo de amigos com quem gosto de beber umas garrafas e trocar opiniões acerca dos líquidos. Aquele momento em que tentamos rebuscar no pensamento uma realidade que por vezes parece querer fugir, apesar da solução estar ali perante o nosso nariz a rodopiar no copo. Neste caso cativa de imediato o toque de fruta tropical, fresca e sumarenta a fazer lembrar manga madura, o que temos no copo é do Alentejo da sub região Vidigueira, uma fantástica zona de brancos que tem andado um pouco afastada da glória de outros tempo. Nasceu na Herdade do Moinho Branco, a 407 metros de altitude na Serra do Mendro, onde predominam os vinhos brancos e neste caso o Selecção com Antão Vaz, Síria, Perrum e Rabo de Ovelha. Produção de 20.000 garrafas com preço arrebatador que ronda os 3.50€. Pelo meio o vinho mostra também uma bonita afinação, tem frescura, a acidez na boca é de muito bom nível e afasta o vinho daquele toque mais morno e chato, por vezes até quase que forçado. Portanto um branco fresco da Vidigueira, com aromas de fruta madura e limpa, onde citrinos e algum tropical se faz sentir, conjunto coeso com ligeira sensação de cremosidade, creme de limão, em fundo mineral. Tudo isto num vinho que é uma alegria ter no copo, imagino a acompanhar uma salada com camarão grelhado e pedaços de ananás, tudo isto com um preço tão tentador que apetece comprar à caixa para beber neste tempo mais quente que se aproxima. 90pts

12 abril 2013

Vinha Othon Reserva 2006

Volto a falar de um "filho do Dão", volto também a falar dos vinhos Vinha Paz e por mero obra do acaso volto aqui a falar sobre a primeira colheita de um dos seus vinhos, desta vez o Vinha Othon, uma pequena parcela de vinha com mais de 50 anos onde dominam as tradicionais castas do Dão. A conversa até pode desviar para qual a razão pela qual não se fala mais neste produtor, porque não se fala mais nos vinhos do Dão ?
Mas adiante, este Othon não é a primeira vez que o provo, nunca o vi e não será agora que o vou ver como um vinho tão sério ou marcante, muito menos com a durabilidade do Reserva. Aqui reina a tranquilidade associada a uma enorme harmonia (talvez demasiada pelo que pagou a fava com o tempo que lhe passou por cima) e prontidão, um verdadeiro equilibrista no fio da navalha. A prova é sem dúvida alguma charmosa, a tal prontidão e aprumo que mostrava pouco tempo depois de sair para o mercado pagou-se caro, hoje está mais que domado e toda aquela filigrana que tinha esbateu-se. A curiosidade neste caso remete para que enquanto este começa a despedir-se da plateia, lá ao fundo outro está em aquecimento para brilhar alto e colher enorme quantidade de aplausos, chama-se Vinha Paz Reserva 2005. 88 pts

10 abril 2013

Esporão Private Selection 2003

E quase sem dar por isso tinha este vinho a cair-me no copo, do outro lado um sorriso de orelha a orelha perguntava-me o que achava eu do dito líquido. Aquele sorriso matreiro que não me engana, tal como tu o vinho em causa também não o faz, são os dois grandes amigos de longa data, o vinho e quem o serve, a complexidade que envolve o copo faz com que também eu lance um sorriso, este é Um Grande Vinho. Depois desligamos da realidade, tudo à volta fica quieto, somos nós e o que está a rodopiar no copo, cheira-se, prova-se, calamos e pensamos, sussurramos umas palavras, escrevinhamos no caderno , procura-se um pouco do suculento naco de novilho que tinha ido ao forno para acompanhar e continuamos felizes e contentes pela noite dentro.

Em grande este Private Selection da Herdade do Esporão, tal como a frescura que ainda debita passados 10 anos do seu nascimento (2003), a fruta (nos tons do morango, cereja e ameixa) limpa, redonda e carnuda, suculenta e de travo já adocicado mas muito limpa e definida, coisinha boa portanto. Pela sua alma (Alicante Bouschet com Aragonês) corre o vento morno da planície Alentejana, alguma compota, cacau, baunilha, especiarias com pimenta preta e toque vegetal/bálsamo a lembrar hortelã. Um vinho cheio de coisas boas, muito elegante, com vigor e uma bela profundidade e frescura de aromas. Boca a condizer, frescura, muito bem estruturado, balanceado por uma enorme harmonia e passagem cheia de sabor no palato, fruta, cacau, pimenta preta, largo, complexo, saboroso e até pecaminoso. É um vinho que dá muito prazer beber nesta altura, que nos convida a mais um copo, muita vivacidade durante toda a sua prova, boa definição e uma frescura que parece não querer quebrar. Viva o Alentejo. 95 pts

Borba Rótulo Cortiça Reserva branco 2011

Desde 1979 que o Rótulo de Cortiça da Adega de Borba não via a sua versão branco sair para o mercado, diga-se que em boa hora se lembrou ou lembraram de o fazer, são apenas 2000 garrafas com custo unitário de 8,23€ na loja do produtor. O lote resulta da escolha das castas Arinto, Verdelho e Alvarinho, vinho fresco, apelativo de aroma com destaque para um leve travo a baunilha gulosa e cremosa oriunda dos tais 30% que andaram a nadar em madeira e que dão sinal de entusiasmo, vinho bem acondicionado e harmonioso. Desde os frutos tropicais a citrinos bem maduros e sumarentos, ganha leve fragrância melada no fundo. Na boca é fresco com sensação de arredondamento, cheio e saboroso com fruta a marcar a passagem pela boca, novamente o toque melado, fruta amarela e acidez citrina em fundo fresco. Gostei bastante do vinho, mostrou-se sério e capaz de proporcionar uma prova elegante, pouco ou nada cansativo uma vez que tem acidez bem presente. Ligou bastante bem com uma sopa de cação, não fugindo muito à regra de que a comida regional deve ser acompanhada por vinho da região. O melhor branco da Adega de Borba dos últimos dez anos. 90 pts

03 abril 2013

Conde de Santar 2007

É um belíssimo vinho do Dão este que agora começo a falar de forma entusiasmada e que tão boa companhia fez no passado Sábado a um cabrito assado no forno. Direi que o sucesso foi tal que se abriram todas as garrafas da caixa de 3 que tinha sido colocada à disposição. Vinho servido e apreciado em pleno Alentejo, largamente elogiado com saudosismo de outros tempos em que se terão bebido vinhos do Dão de outros nomes em outras alturas da vida, assim iam comentando os convivas bem mais velhos que eu naquela sala. Na verdade o vinho é de facto grandioso, dos que mais prazer me deu nos últimos tempos, vindo daquela nobre região tão escondida e de tão grande potencial, o Dão. Aqui reina o lote, a Touriga Nacional, Alfrocheiro e Tinto Cão, deu umas braçadas em madeira e acaba no mercado com preço a rondar os 38€. 

A categoria de um vinho mede-se quando chega à mesa e todos os que o provam depois não procuram mais nenhum, querem mais e até pedem para repetir, assim foi. Vinho sério que sabe impor a sua elegância e frescura, num aroma de moderada e assertiva exuberância, a fruta em formato bagas silvestres bem redonda, fresca e com toque de gulodice. Floral, algum cacau e ligeiro toque mentolado (After-Eight), todo ele fresco, largo e complexo. Firme na maneira sóbria e elegante como se mostra, entrada sumarenta e fresca, ligeiramente aveludado com secura no final. É a fruta de grande qualidade que brilha neste conjunto, a madeira discreta apenas o ampara, muito bem balanceado e com muita vida pela frente.  93pts

02 abril 2013

Vale da Mata 2009

Dos já aqui comentados vinhos da Herdade do Rocim (Alentejo), surge do mesmo produtor a marca Vale da Mata (Lisboa). Depois de ter ficado bem impressionado após uma fugaz prova da inicial colheita 2008, chega-me às mãos a colheita 2009 do Vale da Mata, lote de Aragonez, Syrah e Touriga Nacional. Todo ele muito equilibrado e pronto a beber, sério, guloso, funky, com a fruta redonda e limpa muito presente, completamente desinibido. É a frescura que o comanda, floral, aconchego da barrica, especiarias e cacau. Equilibrado, fresco e sedutor, com uma bela presença na boca, forra o palato de coisas boas, fruta fresca, chocolate e especiarias, secura final de taninos ainda presentes, a tal pitada de sal que lhe vai dar um extra de vida em garrafa. Amigo da mesa, amigo de quem gosta de vinho, cujo preço ronda os 8/9€ e que será certamente um vinho a ter em conta face à sua relação preço/satisfação. 90pts

01 abril 2013

Quinta da Leda Vinha do Pombal 2004

Photo by Miguel Pereira

Provado às claras, sem entraves nem qualquer coisa que lhe tapasse o nome ou a marca, simplesmente fez parte de um punhado de vinhos que foram dados a conhecer de forma clara aos olhos de todos os que os iam provar naquele instante. Este foi dos que menos me disse, esperava bem mais do que aquilo que me caiu no copo, simplesmente prostrado e sem grande graça. Os Quinta da Leda sempre fizeram parte dos vinhos do Douro que melhores momentos (aqui e aqui) me deram, o mesmo estava à espera que este especial de corrida de nome Vinha do Pombal me fosse proporcionar no instante da prova. 

Puro engano, o que encontrei foi algo parco de aromas, desgastado, demasiado limado e sem brilho, a finesse está presente mas não chega para grandes euforias, nada de maravilhoso portanto. O veredicto é que já devia ter sido despachado vai para alguns anos atrás, na boca com a fruta mais presente que no nariz, apesar das notas afinadas de especiarias que por ali andam soltas, o vinho tem falta de comprimento, largura qb numa presença muito sumida, bom de frescura e levemente seco no final. É um vinho em queda livre, falta-lhe sustento e garra para se poder agarrar ao que quer que seja, por mais tempo que lhe fosse dando no copo, apenas lhe aumentava a agonia, o contacto com o oxigénio sufoca-lhe a alma e tortura-me o pensamento sobre os fantásticos Leda que já bebi. 88pts
 
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