Copo de 3: outubro 2017

31 outubro 2017

Henriques & Henriques Terrantez 20 Anos


Sobre a casta Terrantez pairou durante muitos anos a tenebrosa palavra extinção, algo que quase esteve para acontecer embora nos dias de hoje continuam a ser muito poucas as parcelas espalhadas pela ilha da Madeira. Os vinhos a que dá origem são obras de arte, raros e muito procurados, a qualidade dos mesmos ecoa pelos séculos. Não se estranhe portanto que fiquemos rendidos perante um vinho como este 20 Anos Terrantez. Inicialmente com toque salino, iodado e com notas de ranço, entrando de imediato no registo de frutos secos (amêndoa torrada), tabaco doce, caril, laranja cristalizada, ramalhete de flores num bouquet muito rico e complexo. Belíssimo volume, entrada tipo berlinde mais arredondado, belíssima acidez mas ao mesmo tempo untuoso, com um final agri doce e muito prolongado. Daqueles vinhos que quando chega à mesa se torna o rei da noite, fantástico. 95 pts

30 outubro 2017

Henriques & Henriques Verdelho 20 anos



Os Madeira 20 Anos são recentes no mercado, têm a particularidade de as quantidades serem reduzidas e o lote ir variando, por isso alguns são mesmo edições exclusivas e irrepetíveis. Neste caso é um Henriques & Henriques Verdelho 20 Anos, casta que tem a particularidade de conseguir manter durante muito tempo os seus aromas e sabores frutados, algo que se destaca e bem neste vinho de muito bom recorte. Frutos tropicais com maracujá bem fresco, ananás em calda, especiarias, madeira velha, laca, melado, complexo a mostrar harmonia entre concentração e frescura. Boca a condizer, acidez bem presente com sabor inicial a fruta, abrindo depois num conjunto untuoso e com boa concentração, algum fruto seco a complementar, final longo e persistente.Com preço a rondar os 65€. 94 pts

26 outubro 2017

Grandes Escolhas – Vinhos & Sabores 2017



São 17 os anos de experiência que a equipa de Luís Lopes e João Geirinhas, ex-directores da Revista de Vinhos e, agora, directores e co-proprietários da Grandes Escolhas, tem na realização do maior evento vínico do país. Um acontecimento muito esperado e que este ano muda de nome, de data e de local. O ‘Grandes Escolhas – Vinhos & Sabores’ vai ter lugar de 27 a 30 de Outubro de 2017 (sexta a segunda-feira), no Pavilhão 4 da FIL – Feira Internacional de Lisboa, no Parque das Nações, onde o maior interface de transportes é uma mais-valia para profissionais, enófilos e fãs da comida regional que atravessa Portugal de lés-a-lés. É caso para dizer que os mais de 6.000 m2 eleitos vão proporcionar uma experiência de ‘Vinhos & Sabores’ à Grande(s Escolhas)!
Horários e preços:
 Sexta, das 18h às 22h; Sábado e Domingo, das 14h às 20h; e Segunda, das 11h às 18h. 
O preço da entrada é de €15 (inclui o copo).

25 outubro 2017

H.M.Borges Pather 1720


É mais conhecido pelas garrafas com a letra P lhe dá o nome de Pather (Father), o Pai, e guarda no seu interior um vinho que tem tanto de especial como de misterioso. Henrique Menezes Borges foi o fundador da empresa H.M.Borges (Madeira) em 1877, viria a falecer em 1916 e como legado para os filhos, deixou um conjunto de vinhos muito especiais e que sempre se recusou a vender (Terrantez 1877, Terrantez 1760, Bual 1780, Sercial 1810, Verdelho 1800 e o Pather 1720). Seria o seu filho João a transferir os vinhos para demijohns em 1930, onde iriam permanecer até que parte deles foi engarrafado após a sua morte em 1989 e distribuído entre os membros da família.

Este misterioso Pather, acredita-se que seja da casta Terrantez, surge com uma fantástica tonalidade ambar de centro mais carregado com rebordo de laivos esverdeados tão caracteristicos destes vinhos centenários. Nariz muito preciso, limpo e delicado, camada após camada num compasso muito certo e de grande complexidade qual bazar do oriente. Divagamos pelos tons de melaço, avelã, toffee e frutas cristalizadas num jogo agri-doce interminável. Na boca torna-se algo de fantástico e inesquecível, toque de toffee a dar as boas vindas e a esbater-se numa fina capa acetinada que cobre o palato, delicado, fresco mas de extrema elegância e persistência. São quase três séculos de história que passaram até o poder ter no copo, inesquecível. 100 pts

Alambre Ice


Foi a partir de uma prova que a equipa de Enologia da José Maria da Fonseca fez de um espumante de Icewine Canadiano, que nasceu a ideia de fazer algo com perfil semelhante, embora da região da Península de Setúbal. Com base num vinho generoso Moscatel Roxo de Setúbal 2005 e após um trabalho árduo de enologia, nasceu o primeiro Espumante Licoroso de Portugal, o Alambre Ice. Devido à grande viscosidade do vinho, são 185 g/l açúcar residual a libertação de bolhas não é visível. No entanto, são percetíveis no paladar, dando o crocante, tão normal em vinhos espumantes. Tudo resumido é muito mais do que uma mera curiosidade, é um miminho bom que se serve no final da refeição ao lado de sobremesas mais delicadas. Notas de geleia de toranja com apontamento de fruto seco, tudo com conta peso e medida. Bem concentrado com a doçura compensada na boca pela boa acidez e pela finissima bolha que lhe dá uma vivacidade inesperada. Ronda os 28€ na loja online do produtor. 91 pts

20 outubro 2017

H.M. Borges Terrantez 1877


A história remonta ao ano de 1877, o ano em que Henrique Menezes Borges fundou a empresa H.M.Borges (Madeira), actualmente gerida pela quarta geração da sua família. Henrique Menezes Borges, dedicou toda a sua vida à procura de uma selecção de vinhos produzidos na Ilha da Madeira, com o intuito de proceder ao seu envelhecimento. Este vinho faz parte, entre outros, da frasqueira particular da família, tendo sido adquirido em 1877 e transferido em 1900 para demijohns de 70 litros. Um vinho que está para além do prazer, é magia pura dentro do copo por todas as sensações que nos envolvem os sentidos. Com uma enorme pureza de aromas, camada após camada mostra-se muito concentrado e com uma complexidade tremenda. A maneira como se afirma no palato num misto de untuosidade e frescura, que se prolonga num tom agridoce, é algo de fantástico e único. 99 pts

19 outubro 2017

Lisboeta : Recipes from Portugal's City of Light


Lisboeta: Recipes from Portugal's City of Light
(Bloomsbury Publishing PLC, 2017, 22,27€)

Há 11 anos a viver em Londres, nomes como O Viajante ou mais recente a Taberna do Mercado, fazem do chef Nuno Mendes um dos grandes embaixadores da cozinha Portuguesa no estrangeiro. Com o seu novo livro de nome Lisboeta, Nuno Mendes que nasceu em Lisboa, torna-se num guia da cidade, das suas histórias, dos seus recantos favoritos ou dos sabores que sempre que volta procura encontrar de novo.

 São ao todo 327 páginas repletas de informação com muitas e boas fotografias mas também com um receituário típico da cidade de Lisboa e que se foi instalando por cá ao longo dos anos fruto das mais variadas influências migratórias. Algumas receitas por vezes são alvo de um toque mais pessoal do chef. Todas as receitas tem uma pequena introdução, por vezes da sua história outras vão buscar as memórias de infância do autor. Desde os pastéis aos salgados, passando petiscos, almço, sandes, jantar e sobremesas.

A escolha varia entre os Jesuitas até aos Travesseiros, passando pelas Empadas de pato em vinha d´alhos, Arroz de marisco terminando numas Farófias. É muito mais que um guia da gastronomina de uma cidade, é o conseguir alimentar a saudade de quem por cá passa.

Cistus Grande Reserva 2009


O Grande Reserva produz-se na Quinta do Vale da Perdiz (Douro) apenas em anos excepcionais. Após a vinificação os lotes são avaliados regularmente durante o estágio em barrica. Os melhores lotes vão sendo seleccionados e após a análise final dos mesmos é tomada a decisão de engarrafar sob a marca Grande Reserva. Das castas Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz nasceu o Grande Reserva 2009 com 21 meses de estágio em barrica e mais 34 meses de estágio em garrafa. Um tinto muito expressivo, opulento e com fruta negra muito madura envolta em notas que vieram da passagem pela barrica (côco, chocolate preto, pimenta) e um fundo onde a sensação de doçura dada pelos 16% VOl. se faz por notar. Intenso, boa frescura e pujança no final de boca mas com um equilibrio que o controla e o torna companheiro à mesa com um bom pernil assado no forno e tudo aquilo a que tem direito. O preço ronda os 20€ por garrafa. 91 pts

17 outubro 2017

Soalheiro Nature Pur Terroir 2016


Preciso e delicado é como se apresenta o primeiro Alvarinho Biológico produzido sem adição de sulfitos. Diferente ou como está na moda dizer, "fora da caixa" se tivermos em conta a maior parte dos Alvarinhos que encontramos no mercado. Não sendo tão expressivo como o Soalheiro normal, não é tão seco como o Granit e é menos complexo que o Terramatter. Pouco consensual entre um grupo de provadores, é o próprio produtor a afirmar este é daqueles que pode ser amado, ou não. Para mim pedia um pouco mais de presença no palato, um pouco mais de nervo capaz de nos espevitar os sentidos. Vamos ver como evolui, por agora ficou algo aquém do esperado, até pelo preço que ronda os 15€ em garrafeira. 89 pts

12 outubro 2017

João Portugal Ramos Alvarinho 2016


A aventura do produtor João Portugal Ramos pela região dos Vinhos Verdes, apesar de recente, confirma-se como mais um sucesso a juntar aos seus 25 anos de carreira. No copo surge o Alvarinho 2016, um branco onde 10% do mosto fermentou em barricas novas o que lhe arredondou ligeiramente o espírito. Temos pois a casta bem presente num conjunto muito preciso, boa exuberância sem excessos da fruta madura (citrinos, tropical), floral mais em segundo plano com uma austeridade muito subliminar. A acidez apesar de presente não é tão vincada como se poderia esperar, permitindo uma abordagem mais serena e de fácil agrado. O preço ronda os 10€. 90 pts

11 outubro 2017

H.M. Borges Sercial 1979


A casta Sercial dá origem ao tipo de vinho da Madeira mais seco, este exemplar da H.M. Borges não lhe foge à regra e surge no copo envolto numa fina película de austeridade. Feitas as apresentações mete ao dispor uma bonita e rica complexidade, inicialmente num tom mais exótico com notas de flores,  maracujá e algum caramelo de leite e amêndoa torrada. Mostra um grande equilíbrio e um toque mais concentrado e guloso que distingue os vinhos desta casa das restantes. Cheio de energia, muito limpo e bem definido, um miminho bom que aconchega o palato com notas de fruta fresca bem ácida, novamente o travo de amêndoa salgada e um agri-doce do maracujá a surgir num longo final. 94 pts

Messias Tradição Baga 2016


Dizem que a primeira impressão é a que mais conta, neste caso confirma-se e não há dúvidas que este Tradição das Caves Messias começa com o pé direito. Surpreende pela tonalidade aberta e pouco concentrada com aquele brilho que nos cativa o olhar. Ainda muito novo, marcado pela força da fruta (silvestre com muitas bagas, ameixa) bem fresca e carnuda. Passou 10 meses em depósito de madeira avinhada que lhe deu um ligeiro arredondamento, com travo a mocha envolto pela energia da fruta, tudo ainda muito novo com os taninos a marcar o ritmo mas ao mesmo tempo a espevitar os sentidos e a vontade de bebericar mais um pouco. Um vinho fora de modas, como manda a tradição. O preço ronda os 10€ na loja da Rota da Bairrada. 90 pts

09 outubro 2017

Vale da Mata branco 2015


A sua qualidade e respectiva consistência colheita após colheita, fazem dele uma referência a ter em conta quando falamos dos melhores brancos da vasta região de Lisboa. É criado nas encostas da Serra de Aire, mais precisamente nas Cortes, com o crivo da Herdade do Rocim (Alentejo). O preço ronda os 8,50€ mas em feira da especialidade consegue-se na casa dos 6,50€. As castas Arinto, Viosinho e Vital tem passagem por cinco meses em madeira que dá ao conjunto uma ligeira tosta, mais quatro meses em garrafa.Conjunto com uma boa acidez, focado na fruta de pomar com citrinos bem frescos, não sendo muito expansivo mostra um bonito floral em destaque com ligeira austeridade mineral de fundo. Boca com frescura a confirmar boa vivacidade onde a fruta ganha mais protagonismo, final de boa persistência num branco que gosta de mesa e de boa companhia. 90 pts
 
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