Copo de 3: fevereiro 2009

04 fevereiro 2009

Couteiro Mor Reserva 2004

Quanto tempo e dinheiro se perde na procura daqueles vinhos que realmente nos dizem algo e que de igual modo cumprem a árdua tarefa que é a satisfação num consumo um pouco mais casual, mas não tão simples quanto o que se exige no dia a dia ?
Poderia enumerar vários vinhos de várias regiões, mas vou optar por destacar apenas um dos muitos e de preço bem acessível, mas que é capaz quando se prova e bebe de nos fazer esquecer por completo o que custou (ronda os 8€ numa grande superfície comercial).
De facto os vinhos do produtor Couteiro Mor (Montemor o Novo - Alentejo) ou Sociedade Agrícola Gabriel F. Dias e Irmãs Lda. , são daqueles exemplos que convém seguir bem de perto porque raramente falham quer na qualidade apresentada quer no preço praticado.
Seja nos entradas de gama com os Couteiro Mor, passando pelo Colheita Seleccionada, Reserva até ao topo de gama Vale de Ancho, qualquer um destes vinhos é sempre uma escolha acertada, tendo em conta o preço pedido e o patamar onde se encontram.
Neste caso optei por abordar o Reserva, que por sinal é um dos mais recentes a sair para o mercado a par do Espumante.
O Reserva pertence ao grupo de vinhos que não tendo todos os encantos e recantos daquela complexidade que esperamos encontrar num topo de gama (alguns topos falham aqui redondamente), é sempre uma escolha que resulta em pleno para um jantar sem grandes pretensões onde se convidaram uns amigos e onde apetece beber algo com mais substância mas que não se transforme de imediato no alvo das atenções por parte dos convivas, é chato quando um vinho remete para canto os donos da casa.

Couteiro Mor Reserva 2004
Castas: Aragonês, Alicante Bouschet e Touriga Nacional - Estágio: 6 a 8 meses em carvalho francês - 14% Vol.

Tonalidade granada escuro de média/alta concentração.

Nariz de perfil maduro e redondo, com harmonia e ao mesmo tempo a mostrar intensidade, tudo assente numa boa dose de fruta (morango, amora, ameixa) com toque compotado. Melhora com o tempo no copo, a madeira por onde passou mostra grande entendimento com o conjunto, elegante, sóbrio e de sopro morno. Desperta para cacau, café, vegetal de cariz balsâmico ainda que ligeiro e alguma pimenta preta.

Boca de bom volume, mostrando-se desde já muito afinado, redondo e prazenteiro. A fruta marca presença, ao lado de uma frescura que se esperava sentir para que o vinho não caísse na tentação de tantos outros, o puro enjoo da fruta sobre madura. Este pelo contrário conjuga a boa fruta com as notas de café, cacau, especiaria e tostado no final. A despedida é firme e suave ao mesmo tempo, com cunho balsâmico tal como na prova de nariz.

É um vinho que pode ser bebido desde já com bastante prazer, diga-se de passagem que pela prova que deu e dá, não se deve guardar por muito mais tempo. Falta-lhe talvez um pouco mais de refinamento e classe, mas isso será algo que fica reservado para o topo de gama da casa, o Vale de Ancho.
Acompanhou muito bem umas migas com carne do alguidar. Foram produzidas 39956 garrafas, cabendo a esta o número 11811.
16

02 fevereiro 2009

Gravato 2006

Gravato 2006
Castas: 100% Touriga Nacional - Estágio: 1 ano de carvalho francês e americano de tosta média, mais 15 meses em garrafa - 14,5% Vol.

Tonalidade granada escuro de concentração média/alta.

Nariz de boa intensidade a mostrar uma Touriga Nacional algo fechada, dando apenas umas ligeiras amostras daquilo que encerra. Bem mais apoiado na jovialidade da fruta (silvestres, cereja) do que propriamente na componente violeta, das flores tão características da casta. Se estão ainda não desabrocharam, e encontram-se tapadas pela especiaria, cacau, e tosta. Não deixa de mostrar uma ligeira ponta de austeridade, banhada por boa dose de frescura. Tudo isto num conjunto que se mostra algo introvertido mas a dar uma boa prova neste momento.

Boca a mostrar um vinho bem estruturado, com boa espacialidade a sentir-se ocupada em pleno por fruta (bagas sumarentas, cereja) bem fresca e madura, bem amparada pela madeira por onde passou. Ainda por desembrulhar tudo aquilo que lhe vai na alma, mostra no momento um toque de cacau, bálsamo vegetal e um travo especiado de fundo. Tudo compacto e cheio de vontade de se esticar, mas para isso é preciso tempo em garrafa, confidenciam os taninos mais inquietos que por lá andam. A despedida é feita com final de boca médio/longo de boa persistência.

Um vinho a mostrar uma Touriga ainda com muita vida pela frente, apesar da boa prova que dá neste momento, é vinho que claramente vai precisar de crescer em garrafa. Ligeiramente diferente da primeira colheita 2004, parece no entanto mais promissor. Fiquemos por isso atentos.
16,5

01 fevereiro 2009

Quinta da Trovisca 1999

Quinta da Trovisca 1999
Castas: Touriga Nacional (30%), Touriga Franca (25%), Tinta Roriz (15%) Tinto Cão (5%), Tinta Barroca (5%) e outras (20%) - Estágio: 6 meses em carvalho francês - 12,5% Vol.

Tonalidade ruby escuro de concentração mediana.

Nariz revelador de fruta fresca bastante madura (frutos do bosque), ligeiro e tímido toque floral num conjunto afinado e elegante. Sente-se frescura condutora aliada a especiarias (pimenta preta) e vegetal (esteva). A madeira ainda que presente, está completamente integrada no conjunto, resultando um pleno de harmonia, ainda que sem mostrar grande dose de complexidade.

Boca de entrada fresca e frutada, juntando-se um leve toque vegetal a lembrar esteva, em conjunto fino de média estrutura. Boa dose de frescura presente durante toda a passagem de boca, num todo harmonioso, com leves notas fumadas em segundo plano com final de boca de persistência mediana.

O vinho tem uma bela dose de frescura presente durante a prova, conferindo alguma vivacidade a um conjunto afinado e elegante, conjugando muito bem a prova de nariz com a prova de boca. Os quase 10 anos de vida com que este vinho se apresenta, e com uns cada vez mais raros 12,5%, parece que não lhe fizeram grande mossa, resultando um vinho bem apetecível para se consumir neste momento.
15

Quinta Vale d´Agodinho Grande Escolha 2003

Quinta Vale d´Agodinho Grande Escolha 2003

Castas: Touriga Nacional (30%), Touriga Franca (25%), Tinta Roriz (15%) Tinto Cão (5%), Tinta Barroca (5%), Outras (20%) - Estágio: 8 meses em pequenas barricas de carvalho francês - 15% Vol.


Tonalidade ruby escuro de concentração média.


Nariz de boa intensidade, aromas maduros com fruta vermelha achocolatada, ao lado de toque compotado. No tom morno que apresenta inicialmente e dos seus 15% junta-se o toque vegetal com balsâmico juntamente a especiaria e baunilha, reveladores de uma barrica plenamente integrada com o conjunto que confere alguma profundidade ao aroma.


Boca de entrada fresca com a fruta a marcar presença de imediato, novas notas de compota, cacau e vegetal. Boa dose de elegância sentida durante a sua passagem, apesar de dar a sensação de ligeiramente adocicado, mostra perfil arredondado onde a frescura marca presença num final harmonioso de persistência média.


É um vinho que mostra um lado Duriense mais guloso e mais maduro, onde os 15% que apresenta não se notam no copo mas apenas ao final da noite ao levantar. Apesar do toque mais ''guloso'' o vinho não satura durante a prova como se poderia esperar, sendo bom companheiro para a mesa petisqueira.
15,5
 
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