Copo de 3: abril 2009

18 abril 2009

Vinum Callipole 2009

Vinum Callipole 2009

Numa iniciativa d´ O Copo de 3, decorrerá no próximo dia 2 de Maio, nos Claustros do Convento dos Capuchos, em Vila Viçosa, o evento Vinum Callipole 2009, com a participação de alguns produtores de vinho, a nível nacional.
Altas Quintas, Quinta do Zambujeiro, Herdade das Servas, Gravato, Herdade do Portocarro, S.A. Vale de Joana, Granacer, Casal Figueira, etc...

Um evento em que poderá provar e ficar a saber um pouco mais acerca dos vinhos produzidos em Portugal... assim como, e de um modo informal, falar com produtores, enólogos e responsáveis, sobre os vinhos presentes, o que têm no mercado e as novidades que estão para aparecer, assim como outras surpresas.
VINUM CALLIPOLE – 2009

2 Maio | 15h – 20h
Claustros do Convento dos Capuchos Vila Viçosa

Entrada: 5 €
Copo Schott Din Sensus incluído

PROVA ESPECIAL ''Portalegre Década de 90''
Em prova alguns dos grandes vinhos da Coop. de Portalegre, com os anos 1990, 1991, 1994, 1995, 1996, 1997, 1999 e como bónus o Cinquentenário, o que não exclui a entrada de outros vinhos da região da mesma década.
Preço de inscrição 30€ (inclui entrada no evento e copo de prova)
5 Lugares disponíveis...

Linha de Informação: 967 344 226
Apoios: ViniPortugal, Confraria do Pão, Queijaria Monte da Vinha, Schott Zwiesel e Alug`Aqui

06 abril 2009

Tapada de Coelheiros tinto 2004

A excitação enófila tomou conta de Portugal nos últimos anos, fruto de uma maré de novidades que colocou os apreciadores de vinho numa autêntica roda viva, querendo provar o máximo possível dos novos aromas e sabores que inundaram o mercado.
Hoje em dia a coisa parece que anda mais calma, os aromas que antes eram novos tornaram-se quase que triviais e novos aromas e sabores são cada vez mais difíceis de encontrar e o consumidor tem vindo a acalmar no que toca à sua avidez enófila de conhecer tudo e todos.
Dá-se nova ''febre'' e eis que do nada se aponta para os vinhos do passado, e o novo motivo de conversa passam a ser os ''vinhos velhos'' , capazes de nos transportar para outra dimensão de prova e conhecimento, onde evidentemente os aromas e sabores são novamente diferentes do que se andava a provar nos últimos tempos com os amigos.
No meio de tudo isto, foram ficando algumas marcas que de certa forma foram sendo ultrapassadas, colocadas de lado, face a um interesse que deixou de morar naqueles rótulos. Vinhos que conquistaram lugares de destaque e respeito, foram preteridos pelas novidades ou pelos vinhos mais velhos... quase que pairam no limbo do que se pode chamar Clássicos.
O vinho que agora coloco em prova é um fiel exemplo de um produtor com nome consolidado no mercado, terá sido mais falado em seu devido tempo e terá os seus fieis seguidores nos dias de hoje, mas na roda viva do dia a dia quase que desapareceu de circulação. Nome respeitado em muita mesa, o Tapada de Coelheiros foi daqueles vinhos que sempre segui com respeito e admiração, nome grande do Alentejo, invocou a glória com um excelso Garrafeira 1996.
A verdade é que também eu me deixei levar pelas febres das novidades e me fui afastando destes vinhos, os preços ''puxados'' não ajudam. O último exemplar que me lembro de ter bebido foi o Tapada de Coelheiros tinto da colheita 1999, voltando às provas deste clássico alentejano agora com a colheita de 2004.

Tapada de Coelheiros tinto 2004
Castas: Cabernet Sauvignon 50%, Trincadeira 25%, Aragonês, 25% - Estágio: 12 meses em casco de carvalho francês (30% novo) e 12 meses em garrafa - 14% Vol.

Tonalidade ruby escuro de concentração média.

Nariz de boa intensidade, a mostrar-se com fruta vermelha bem madura envolta em especiarias do reino das pimentas e o toque vegetal fresco a recordar pimentos, não dos verdes mas sim pimentão, daquele que se esfrega no aroma a carne maturada que exala ao de leve. Complementa a sua passeata com uma brisa de tosta, reveladora de um trabalho de madeira de grande nível (norma a que nos acostumou esta casa) sempre vigiada de perto por um bálsamo vegetal, fresco e tonificante, mas sem excessos.

Boca acima de tudo a mostrar um vinho elegante, com espacialidade controlada e ao mesmo templo com ligeira delicadeza. Assenta na frescura da fruta vermelha com toques de tosta, mais uma vez sentimos sintonia entre a prova de nariz e a prova de boca, mostrando um conjunto fino e aprumado. Complementa-se com vegetal fresco, novamente nas pimentas e em nuance de cacau semi-frio, prolongando-se num final de boca médio/longo.

É daqueles vinhos intemporais, fora de modas ou de tendências. É dono do seu nariz, mostrando-se sério e muito bem feito, mas ao mesmo tempo sereno e conquistador. Depois de o provar, fico a pensar em qual será o motivo que leva o consumidor a andar atrás de vinhos cheios de efeitos especiais, quase que adeptos do tunning vínico, quando temos por preço semelhante vinhos de qualidade e com aquela identidade que muitas vezes procuramos e teimamos em não encontrar.
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05 abril 2009

Baltasar Gracian Tempranillo Viñas Viejas 2003

Do produtor BODEGAS SAN ALEJANDRO (D.O. Calatayud) , uma cooperativa fundada em 1962, composta actualmente por 350 sócios e 1100 ha (variando entre os 750 e 900 metros de altitude, onde castas como Garnacha, Tempranillo, Macabeo, Merlot, Syrah e Cabernet marcam presença) com uma produção total média de 4.600.000 Kg, situada em Miedes, na província de Zaragoza, no vale de Perejiles, a 758 m. de altitude.
O nome da Cooperativa vem do nome de San Alejandro, cujos restos mortais se encontram depositados no Convento das Reverendas Concepcionistas Franciscanas, e cujo rótulo se inspira no relicário venerado pela confraria mais antiga da terra, situado na Igreja de San Blas.

O resultado são vinhos apetecíveis e bem feitos, onde se alia um toque de modernidade com algo do passado e onde se joga com preços e imagem sempre atraentes. Recordo que o vinho em prova não passou dos 7€.
São vinhos que sempre encontrei prontos a consumir após saírem para o mercado, mas que costumam melhorar nos primeiros 2 anos de guarda, apesar do exemplar em prova já ter passado o tempo recomendado como de consumo óptimo (seria neste caso 2007)... ou seja, o vinho entrou na fase descendente e convém aproveitar enquanto é tempo. Foi o que fiz...

Baltasar Gracian Tempranillo Viñas Viejas 2003
Castas: 100% Tempranillo - Estágio: 10 meses em barrica - 14,5% Vol

Tonalidade granada escuro de concentração média/baixa com ligeiro toque atijolado no rebordo.

Nariz a mostrar aquilo que já se esperava, um vinho onde os aromas tocam quase sempre nos planos secundário e terciário. A fruta vermelha algo espaçada, mistura-se com compotas, toque de baunilha com queima da tosta, algum envernizado. Sente-se no seu todo um conjunto que a nível da expressividade mostra já algum desgaste.

Boca melhor que a prova de nariz, o vinho mostra ainda alguma vivacidade, com toques de fruta e compota da mesma. Acidez ainda que curta percorre o vinho por completo, balanceando com a tosta e algum caramelo que se faz notar no fundo. Pouco mais tem que dizer, a espacialidade é mediana e o final de boca médio/baixo.

Claramente na fase descendente da sua vida, já esteve muito melhor, mas obviamente não é vinho de grandes guardas. Fico aliviado por não ter mais nenhum exemplar destes em agonia na minha garrafeira.
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03 abril 2009

Herdade do Meio - Cabernet Sauvignon/Syrah 2004

Dou seguimento às provas dos vinhos do produtor sediado em Portel, Casa Agr. João & António Pombo, S.A -Herdade do Meio.
Vasculhando na imensidão da net e à falta de um site funcional do produtor, fica-se a saber que dos seus quase 70 hectares, 25 são vinha, explorando mais 130 em concelhos circundantes.
O sucesso da produção e, principalmente, escoamento dos vinhos da Herdade do Meio estão espelhados nestas expansões, tendo passado das 300 toneladas iniciais (2003) para 670 toneladas (2004), 1.200 toneladas (2005) e, finalmente, 2.000 toneladas (2006).
Para a produção dos vinhos utilizam as castas tradicionais portuguesas tal como, Aragonez, Trincadeira, Touriga Nacional, Alfrocheiro para os tintos. Já a casta Antão Vaz é utilizada nos vinhos brancos. Utilizam igualmente castas francesas «de perfil internacional», como Cabernet Sauvignon, Syrah e Pinot Noir.

Herdade do Meio - Cabernet Sauvignon/Syrah 2004
Castas: Cabernet Sauvignon e Syrah - Estágio: 12 meses barricas carvalho francês - 14% Vol.

Tonalidade granada escuro de boa concentração.

Nariz de aroma maduro com boa intensidade, onde a fruta negra (amora, framboesa e ameixa) marcam presença com colheradas cheias de compota. Mostra-se com alguma complexidade que lhe confere um pouco mais de classe, não é um vinho dos imediatos e vale a pena acompanhar o seu levantar (ainda que curto). É com toques de chocolate de leite ligeiramente abaunilhado, vegetal fresco não muito sentido mas presente e boa dose de especiaria (pimenta preta). Capaz de cativar o mais incauto e distraido, está pronto a dar prazer num belo conjunto aromático que alia duas castas guiadas pela mão sábia do enólogo António Saramago.

Boca com boa estrutura, vinho a dar boa conta de si tal como se mostrou na prova de nariz, que complementa muito bem. A passagem na boca é repartida pela presença da fruta madura, com boa concentração da mesma, e entre vegetal fresco que guia pelo meio de notas de especiaira, toque de cacau, café e tosta. Alguns taninos rabinos com espacialidade média, num final de boca de boa persistência.

É daqueles casos que se apresenta com substancia, apesar do blend ser pouco Alentejano, tem no seu todo um toque de compadre que não o faz destoar da zona que o viu nascer. Um belo casamento das duas castas num vinho pronto a beber e a dar prazer.
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02 abril 2009

Herdade do Meio Virtuus 2004

O Projecto Rota do Fresco consiste na criação de um sistema de visitas a uma selecção de exemplares de pintura mural das capelas, ermidas e igrejas dos cinco concelhos abrangidos neste momento pelo projecto (Alvito, Cuba, Portel, Viana do Alentejo e Vidigueira), com o intuito de divulgar, preservar e revitalizar esse património integrado. Para isso, foram criadas diferentes Rotas e Experiências temáticas subordinadas à matriz da pintura mural alentejana – os “frescos” – nas quais pode aceder a património arquitectónico usualmente fechado, assistir ao vivo às tradições etnológicas, provar a gastronomia regional e perceber a paisagem envolvente. A Rota do Fresco, tem por base a extensão cronológica e espacial deste tipo de revestimento arquitectónico no conjunto destes cinco concelhos, que constitui um excelente exemplo da variedade e da qualidade desta forma de decoração e de catequização religiosa no nossoPaís, bem como do papel particular da região Alentejana na difusão deste género artístico, desde o século XV até aos inícios do XIX. Outro ponto comum a estes cinco concelhos ao nível da pintura mural, é a necessidade em quase todos os exemplares, de uma intervenção de conservação e restauro, bem como de uma intervenção estrutural ao nível dos próprios edifícios que albergam as pinturas.

Incluído na Rota do Fresco de Portel, encontramos o produtor da Herdade do Meio, que não sendo muito recente, é daqueles casos em que se apostou fortemente no mercado a quando do seu aparecimento. Se por um lado a sua imagem sempre foi apelativa, os preços altos que foram sendo praticados desde inicio retiraram muita vontade de compra a um grande número de consumidores. Das tentativas de aproximação aos vinhos, posso dizer que nunca saí satisfeito, um pouco pela qualidade mas mais pelo preço que sempre considerei demasiado alto. Recentemente numa promoção louca da feira de vinhos do Continente (ano passado) os vinhos deste produtor tiveram um desconto que direi, escandaloso, visto ter rondado os 70%, o que sem muitas dúvidas e cheio de vontade em tentar conhecer um pouco melhor estes vinhos de Portel, me levou a comprar alguns exemplares dos quais a primeira prova recaiu sobre o Virtuus 2004

Herdade do Meio Virtuus 2004
Castas: Selecção de uvas de castas tradicionais alentejanas - Estágio: 12 meses em barricas de carvalho francês e americano e mais 12 meses em garrafa - 14,5% Vol.

Tonalidade ruby escuro de concentração média.

Nariz mediana no que toca à intensidade de aromas, marcada pela fruta que alterna entre frutos vermelhos e negros (ameixa, amora, framboesa).
Um vinho que aparenta um lado fresco onde as notas de cacau, especiaria e tabaco, se afastam por alguns momentos ao deixar emergir como que rompendo pelo meio, uma ligeira sensação de químico (envernizado), seguida de frescura balsâmica.

Boca de entrada frutada e ligeira frescura com macieza subtil, alguma elegância, mostrando-se menos complexo do que poderia sugerir pela prova de nariz, tendo notável quebra na sua performance.
A secura que mostra derivada dos taninos secos que imortalizados irão ficar ver o tempo passar, irredutíveis no seu lugar. Parece que é na boca que mostra o seu lado mais vegetal e agreste, tem um ligeiro envernizado que quase dando a sensação de estarmos perante outro vinho.

O vinho não custou mais de 5€ numa promoção arrasadora levada a cabo pela feira de vinhos do Continente no ano passado... digo arrasadora porque este vinho anda nos 12€ euros na actualidade e penso já ter visto a algo mais. É um agarra e larga que pelo menos a mim não me convence, pois se nos tenta agarrar pelo que mostra no nariz com alguma ponta de diferença, na prova de boca quebra ao nível do que mostrou em nariz, dando sinais de uma outra faceta onde alguns imortais taninos secos fazem questão de se mostrar. O preço fica por isso mais uma vez desajustado face à qualidade apresentada.
14,5
 
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