Copo de 3: janeiro 2011

31 janeiro 2011

Bloggers já influenciam 20% dos consumidores

Aprendi desde cedo que em determinadas notícias ou estudos há sempre um lado bom e um lado mau, depende muito de como se interpreta o que se lê, talvez eu seja um optimista mas quando li uma notícia em que afirmavam que os bloggers são das fontes em que os consumidores menos confiam na hora de escolher um vinho, vi a coisa de outra maneira, talvez da maneira optimista. Não é novidade, afinal de contas os bloggers existem faz quantos anos na rede ? 10 anos ? 5 anos ? Talvez tempo insuficiente para que se tenha estabelecido uma relação de confiança entre blogggers e consumidores... mas ao que parece as coisas vão melhorando e afinal de contas 20% dos consumidores já levam em conta o que dizem os bloggers... ora 20% em 100.000 consumidores é muito consumidor, e nesse caso quanto maior for o número de consumidores maior serão esses tais 20%, imagino quantos consumidores de vinho haverá nos Estados Unidos... não devem ser poucos certamente.

Segundo um estudo da série (The Internet and Social Media) realizado pela empresa inglesa Wine Intelligence (www.wineintelligence.com) refere-se apenas aos consumidores do Reino Unido, Estados Unidos e França. O estudo mostra que, tanto no Reino Unido como nos Estados Unidos da América, 1 em cada 5 consumidores regulares de vinho, nada mais do que 20% dos consumidores, confiam no que dizem os bloggers independentes sobre o assunto; metade destes consumidores dizem confiar na opinião que ouvem em lojas especializadas, aumentando nestas o indice de confiança nos States para 80%.
Em França apenas 10% dos consumidores recorrem aos blogs como fonte de escolha dos seus vinhos, sendo que nos 3 países em análise muitos consumidores recorrem aos serviços da net como fonte de informação, com 2/3 dos consumidores Americanos a consultarem sites de lojas de vinho, jornais e sites de pequenos produtores de vinho e com Reino Unido onde os sites de supermercados os mais utilizados e França onde os sites de produtores ou marcas dominam as predilecções, embora com o número de enófilos que as procuram a ficar-se a menos de metade comparando com os outros Países alvos do estudo.
Com a crescente importância da Internet como fonte de conhecimento sobre vinhos, é ainda a recomendação pessoal na loja especializada que mais influência tem junto dos consumidores, embora os blogs independentes se mostrem cada vez mais como uma alternativa na hora da decisão de compra dos consumidores americanos, franceses e britânicos.

Como nota pessoal, é indiscutível que nos dias de hoje os bloggers são cada vez mais um meio de divulgação de vinhos a nível mundial, chegando a opinião de qualquer um de nós onde por exemplo alguns jornais e revistas não chegam, visto estarem cada vez mais virados para um nicho reduzido e fechado com  % de influência junto aos consumidores muito inferior à influência demonstrada neste estudo pelos bloggers. Basta pensar que segundo este mesmo estudo em por exemplo 100.000 consumidores 20.000 são influenciados pelo que os bloggers escrevem. Será que todas as revistas que falam de vinho vendem em número tão elevado ?
Convém ter muito em conta as palavras de Jean-Philippe Perrouty, Research Director na Wine Intelligence, quando diz “é evidente que os bloggers terão um papel relevante neste cenário futuro, mas o estudo indica o quão importante é ir conseguindo criar reputação junto dos leitores”.

28 janeiro 2011

Primeira Paixão Verdelho 2009

Continuando a falar de vinhos cheios de carácter e de identidade, daqueles que procuro cada vez mais, surge o Primeira Paixão 2009 um 100% Verdelho oriundo da Madeira, já falado e apresentado aqui no Copo de 3 na anterior colheita. O vinho surge pela mão da Paixão do Vinho, que optou por criar vinhos de terroir numa linha própria de pequenas produções, por especialistas nas diferentes regiões. Este vinho é produzido a partir da casta Verdelho, uma das principais da Madeira, e é um projecto conjunto de dois grandes enólogos que são também dois bons amigos Rui Reguinga e Francisco Albuquerque.

Mostra-se com nariz jovem e bastante fresco , a intensidade é boa mas algo mais comedida em relação à colheita anterior, talvez menos oferecido e conferir-lhe um pouco mais de seriedade, a fruta está com a qualidade já conhecida, bem fresca e sumarenta, delicada, viva, limpa, de tons citrinos e tropicais com toque herbáceo e algum floral à mistura. O fundo encerra-se em boa mineralidade, ou direi salinidade.

Frescura de boca muito bem logo na entrada, espacialidade mediana, a sugerir-se mais seco com menos sumo da fruta e um pouco mais mineral, ganha desta maneira outros modos de estar à mesa, são pequenas afinações que se vão fazendo... a fruta e o seu peso ligam bem com a acidez e a mineralidade com que acaba... há um principio meio e fim, quantas vezes não lhes encontramos uma destas partes ? Este tem tudo e com muito boa qualidade.

De grande surpresa a confirmação, e repetindo-me convém esclarecer que este é o Verdelho original e nada tem que ver com o Verdejo (Rueda) ou com o tal Verdelho que afinal se chama Gouveio. Mesmo que um pouco parecido nos aromas ao tal Verdejo que eu tanto gosto, se bem que andem "chatos" e a cair muito nos aromas de fruta tropical mais parecendo saladas de fruta exótica. Este é diferente e para melhor, tem carácter e personalidade, direi identidade, pois os solos e o clima (terroir) da Madeira assim o permitem e a mão de quem o faz assim o deseja, eu só tenho que agradecer. 16,5 - 91 pts

27 janeiro 2011

Vale d'Algares Selection branco 2009

O Selection branco do produtor Vale D`Algares (Tejo) lançou-se recentemente no mercado com a colheita 2008, um vinho que entrou num novo segmento dentro do seu portefólio de vinhos, situa-se entre o já conhecido Guarda Rios e o patamar mais elevado Vale D’Algares (Viognier). Surge agora em prova a nova versão, colheita de 2009, com leve mudança no lote onde além da Viognier e da Alvarinho passou a constar a Verdelho, a fermentação alcoólica acontece 90% em barricas de carvalho francês e os 10% restantes em tanques de aço inox. Estagia durante 6 meses em barricas de carvalho francês com battonage. Foram produzidas 9.500 garrafas com P.V.P. recomendado a rondar os 10€.

Aroma de boa intensidade, marcado por leve tosta com fruta madura (pêssego, manga, lima, tangerina) bem alinhavada logo de seguida, sente-se alguma untuosidade derivada do passeio pela barrica com toque de calda de fruta, chá verde e mineralidade em fundo. Segue de perto o que o 2008 nos mostrou, talvez um pouco menos marcado pela madeira, ligeiramente mais fresco e menos repetitivo, boa harmonia entre fruta/barrica com acidez a ser a suficiente para não enjoar ou tornar-se pesado.
Na boca mostra-se bem estruturado, corpo médio e arredondado, frescura suave que percorrer do princípio ao fim. A fruta mostra-se presente, com leve baunilha, sensação de cremosidade a meio palato rapidamente compensada por acidez e mineralidade no final de boca de boa persistência.

Mantenho o que disse do 2008, é um vinho bastante satisfatório, destacando-se uma boa harmonia entre fruta/barrica/acidez/álcool, o vinho facilita e de que maneira a aproximação de quem o prova, mostra tudo o que tem e sabe manter-se assim durante o tempo suficiente para se terminar a refeição. É uma belíssima aposta, ainda por mais tendo em conta o preço que pedem por ele. 16,5 - 91 pt

26 janeiro 2011

Conceito Sauvignon Blanc 2010

Engane-se quem pense que este é mais um Sauvignon Blanc oriundo do Douro, pois não é e ainda bem... é sim a mais recente aventura da enóloga Rita Marques, depois do primeiro Bastardo e com um Vin de Paille na calha, desta vez é da na Nova Zelândia, a segunda terra natal da casta Sauvignon Blanc logo após o Vale do Loire. A casta por si produz alguns dos mais fascinantes brancos do mundo, sendo que na Nova Zelândia se mostra mais exuberante plena de exotismos, por vezes a mais do que é necessário o que poderá tornar os respectivos vinhos enjoativos ao melhor estilo Secret Stone por exemplo. Mas o nome mais falado, ou mais comercial no que a Sauvignon Blanc diz respeito oriundo da NZ, é sem dúvida o Cloudy Bay... um vinho que por estas alturas é mais a fama que goza do que o proveito que tiramos dele... mas a conversa estava animada e um pouco antes de uma fantástica Bouillabaisse ser servida foi provado este Conceito New Zealand 2010, um branco novo mundo em que é de aplaudir a presença da rolha de cortiça em vez da já usual rosca tão na moda por aqueles lados.

De aroma não engana, é Sauvignon Blanc por todos os lados, aqui note-se que há cuidados para a casta não nos massacrar o nariz com excessos, é comedido e muito fresco, bom de exuberância... como eu gosto, tem o toque verdasco e ácido do espargo verde, relva cortada, tem uma tropicalidade da fruta muito bem encaixada, limão, fruta limpa sem artifícios extras de mousses ou de geleias... é apenas fruta e da boa, da que apetece trincar e ficar com o sumo a escorrer. A enóloga já tem acostumado os consumidores nos seus brancos do Douro a estas coisas, aqui voltamos à mesma precisão, rigor, mineralidade misturada com tudo o resto, hortelã pimenta... tudo bem definido em belíssima harmonia e a parecer ter um toque de arredondamento pelo meio. Apetece cheirar, apetece beber e quando damos por isso ainda nem o metemos à boca.


Ora na boca é a frescura e a pureza de conjunto que manda, com fruta presente ao nível do nariz em boa concentração num vinho de corpo médio, a tal ligeira sensação de arredondamento surge novamente, ainda que ligeira, tudo com boa amplitude em espacialidade forrada por uma acidez fresca e com boa vivacidade, toque de rebuçado tutti-frutti num vinho onde a mineralidade é ponto assente no plano de fundo. A dar muito prazer beber e mostra ser um belíssimo exemplar da casta naquelas paragens.


O que dizer de um vinho que nos conquista pela maneira como se mostra, por tudo o que tem de bom e pela bela companhia que faz à mesa ? O rótulo é mais uma vez muito bem conseguido, certamente neste caso será um branco a ter muito em conta e muito em casa, que quando o calor do Verão apertar quero ter umas por perto. O vinho ainda não foi lançado no mercado pelo que não consigo dizer o preço, mas 15€ seria um preço bom para a qualidade apresentada, tendo em conta que o tal Cloudy Bay ronda esses mesmos valores quando comprado em locais onde a expeculação não faz o seu trabalho. Sim, para mim este Conceito é bem melhor que o do Cloudy Bay. 17 - 92 pts

21 janeiro 2011

Ramos Pinto Collection 2008

Na Ramos Pinto lançou-se o novo Collection 2008, escolheram-se as uvas da Quinta do Bom Retiro (Cima Corgo) e as da Quinta da Ervamoira (Douro Superior), as primeiras vão-lhe dar complexidade, elegância e finesse, as segundas trazem-lhe vivacidade, nervo e concentração. Assim seja, o ano até foi atipicamente fresco e as suaves temperaturas do Verão permitiram uma maturação lenta, proporcionando vinhos com boa acidez e grande frescura aromática. Deu-se um tratamento de inox e lagar de granito, seguido de tonéis de carvalho francês durante a fermentação maloláctica, 75% ficou no tonel e o restante foi dar uma volta nos cascos de 2º e 3º ano durante 18 meses.
A "Tentação de Santo Antão" foi a obra escolhida para adornar a garrafa, resultado de um poster encomendado em 1907 ao célebre desenhador Milanês, Leopoldo Metlicovitz. As castas escolhidas foram Touriga Nacional (30%), Touriga Franca (30%) e outras (40%).

O nariz mostra um vinho sedutor, elegante, com a fruta do bosque a surgir em primeiro plano, madura, fresca com leve toque doce sem molestar. Barrica muito bem, ampara o conjunto, fumo, tabaco, café fresco, sente-se algo cerrado, fundo cheiroso e a ajudar a boa complexidade (mato e flores), num todo envolvente e convincente.

Boca de entrada fresca, corpo médio/encorpado de boa largueza e profundidade, fruta madura e travo vegetal, toque da madeira a fazer com que tudo melhor e corra pelo melhor, e escorre tão bem... o vinho dá bastante prazer, tem alguma secura num final de boa persistência, mas é sinal que o tempo cuidará bem dele, agora bebe-se lindamente com um pernil de borrego no forno.

É vinho fácil de gostar e muito bem feito, 14% Vol. num todo algo moderno mas que não mostra vontade de querer fugir ao seu Douro. Este é um produtor que dá cartas faz muitos anos, os seus vinhos sempre foram espelho do que melhor se faz pelo Douro, outros entretêm-se a desvirtuar por completo uma região que tem tanto para dar desde que se respeite a sua identidade. Nesta Collection nota-se uma viragem para um vinho mais comercial, mais imediato e direi até um pouco mais internacional. O preço faz dele uma verdadeira tentação... abaixo dos 10€ 16,5 - 91 pts

Bafarela Grande Reserva 2008

A Casa Brites Aguiar é uma Sociedade Agrícola familiar de três irmãos (Lúcia, Paulo e Tomy) após doação do património por parte dos seus pais, Fernanda Brites e Manuel Aguiar. Situada no Douro/Cima Corgo, nas encostas do Rio Torto e de um dos seus afluentes, a Ribeira de Galegos, em Várzea de Trevões, pequena aldeia do concelho de S. João da Pesqueira. Conta com 45ha instalados no local onde nasce o Vinho do Porto numa faixa de altitude entre os 230 e os 450m, são cultivadas variedades autóctones segundo práticas que respeitam o meio ambiente. Vinhas com 20 anos de idade com as castas: 17ha Touriga Franca, 15ha Tinta Roriz, 7ha Touriga Nacional, 3ha Tinta Amarela e 1ha Tinta Francisca. A enologia fica a cargo de Pedro Sequeira e António Rosas que dão forma à firma Duplo PR.

Aroma com fruta madurona, tosta da madeira com notas achocolatadas, sente-se um perfil com alguma doçura da fruta e da barrica, notas a lembrar a bombom de ginja, especiaria em fundo com moderada complexidade.

Boca com entrada a saber a fruta madura, boa frescura, novamente leve doçura da fruta em plano negro, moderno em tudo aquilo que mostra, bom corpo com amplitude média, algum chá preto a meio valado, secura de taninos por acalmar (poucos), em final de boa persistência.

São 14,5% Vol. neste Bafarela Grande Reserva da colheita 2008, o preço que pedem varia conforme o gosto de quem o vende, varia entre os 10 a 13€ o que convém escolher muito bem antes de comprar. O perfil é o da moda, apelativo, guloso, daquele estilo do dá cá um beijinho... ora dá cá outro e toma lá mais um que eu gosto tanto. A fruta em plano adocicado não me traz grandes alegrias nem vontades de o querer guardar, o perfil dele também não, até me costumo afastar deste tipo de vinho, pouco Douro, podia ser daqui dali ou de outro sítio que ninguém notava. Para acabar, designativo do estilo Grande Reserva não cola em nada no que o vinho tem para nos oferecer... o rótulo merecia melhor interior. 16 - 90 pts

19 janeiro 2011

Bajancas Private Selection branco 2008



Proveniente da Quinta das Bajancas, em Trevões (Douro), propriedade de António Alfredo Lamas, sai este branco do ano 2008 com 13% Vol. que estagiou em barricas de carvalho usado, um branco feito à base de Rabigato, Gouveio e Códega do Larinho, com a enologia a cargo da 2PR. O rótulo é bem capaz de ser do mais divertido que tenho visto no panorama nacional, moderno com um claro piscar de olhos a uma clientela mais jovem e irreverente, como breve apontamento não podemos esquecer que antigamente os curandeiros realizavam as suas mezinhas nas chamadas Bajancas, o nome do vinho e da Quinta.

O vinho tem um nariz de aromas cativantes, cheiroso, lavadinho, mostra fruta madura (citrinos, polpa branca ) com relva cortada com flores brancas misturadas, numa madeira que o adorna ao de leve com tosta suave e baunilha. Mineralidade em fundo, complexidade mediana num perfil bem fresco, harmonioso e de que gostei pela maneira como se mostrou.

Na boca revela-se um pouco nos mesmos modos que no nariz, bom corpo, estruturado e entra bem fresco com sabor a fruta, embora perca ligeiramente a meio palato (aqui é a barrica que faz para se mostrar, arredondamento muito suave) para finalizar bem cítrico com leve mineralidade.

Um vinho agradável, com abordagem a precisar um pouco de atenção e bons copos, o preço que pedem entra num patamar perigoso pois são sempre 15€ que custa. É sempre arriscado quando no mercado se encontram vinhos com mais qualidade ao mesmo preço, embora não tenha desgostado deste vinho, acompanhou lindamente um arroz de ameijoas. 16,5 - 91 pts

17 janeiro 2011

Guarda Rios 2008

Surge então um novo e promissor projecto em Vila Chã de Ourique, Vale d´Algares, inserido na Região Ribatejo e Sub-Região do Cartaxo, contando com uma área de 31ha, distribuidos por duas quintas (Vale d´Algares e Quinta da Faia). No ano de 2003/2004 plantou-se a vinha, com a construção da adega a começar em 2004 e com a primeira vindima a ser realizada em 2006. Da gama deste produtor faz parte um branco 100% Viognier que ostenta o nome da casa tal como um Colheita Tardia que vale a pena seguir bem de perto, sendo que em prova de momento está o tinto da gama premium que dá pelo nome de Guarda Rios, existindo também na versão branco e rosé.

Antes está o texto que escrevi a quando da prova do Guarda Rios 2006 tinto, em dois anos entre colheitas em prova, mudou o nome da região de Ribatejo para Tejo, o produtor em causa aumentou o seu portefólio e o Guarda Rios 2008 passou a ser composto apenas por Syrah, Touriga Nacional e Merlot deixando de lado a Aragones, mantendo os seus 9 meses de estágio em barrica.

Este 2008 mostrou-se no nariz com aroma de média intensidade, vegetal e apimentado, com toque de madeira a dar fumados em fundo, fruta presente em tons escuros e boa dose de frescura, tudo acomodado com ligeiro bálsamo vegetal.

Na boca mostra frescura, equilibrado com taninos a deixarem lastro de secura ligeira no final de boca, equilibrado com fruta a mostrar-se madura, vegetal e alguma pimenta preta no final.

Um vinho bem feito e que agrada facilmente a quem o beber, descomplexado no seu conjunto e maneira de estar, moderno e descontraído, pronto para acompanhar uns nacos de novilho na pedra, pelo preço que pedem aproxima-se perigosamente dos 10€ omeça a ser um preço algo puxado para o nível aqui apresentado. 15,5 - 89

FitaPreta 2007

A expressão "sentido de origem" é o fio-de-prumo da criação deste FitaPreta branco. Uma edição limitada que nasce da vindima manual de uma vinha pouco produtiva e de uma enologia de intervenção mínima. A produção é reduzida, limitada a 6000 garrafas lançadas em Maio deste ano, um vinho que é uma novidade na gama de vinhos deste produtor Alentejano, um vinho que como já foi escrito, pretende mostrar o que é a região do Alentejo. Elaborado a partir de castas tipicamente alentejanas, a intervenção enológica é praticamente nula enaltecendo os verdadeiros aromas e sabores da região. Um vinho elaborado a partir das castas 40% Aragonês, 35%, Trincadeira, 25% Alicante Bouschet sabendo-se que apenas 50% do lote aprendeu a nadar em barrica francesa por 9 meses e que se apresenta com 14,5% Vol.


Nariz maduro de aroma, fruta (ameixa, amora) em compota com alguma doçura presente, tem boa expressividade e frescura suficiente para não o tornar muito pesado. Madeira aporta cacau, especiarias e leve baunilha, tudo harmonioso, muito moderno e bem pronto a beber


Boca de estrutura média, fruta presente com a madeira e seus contributos ao nível do encontrado no nariz, arredondado e harmonioso com frescura ligeira, leve adocicado a meio palato, com final a mostrar-se de persistência média.


Um vinho cujo preço ronda os 9€, muito pronto a beber e a dar prazer, fácil na abordagem, está muito apelativo, apesar da pontada adocicada que quer mostrar dar notas que não será vinho para grandes guardas. É beber enquanto não sai a nova colheita, que os vinhos como este são feitos para serem desfrutados enquanto são novos. 15,5 - 89 pts

13 janeiro 2011

Tons de Duorum 2009

Gosto de projectos que se mostrem aliciantes, desafiantes, com vinhos cuidados e imagem apelativa, relembro a empatia imediata que criei quando vi e provei pela primeira vez os vinhos da Malhadinha Nova, passado uns anos surgiu no mercado outro dos projectos que sigo com bastante atenção, uma lufada de ar fresco nos vinhos do Alentejo ali na zona de Portalegre com o projecto Altas Quintas, pouco tempo depois  surge no Douro vinhateiro um novo e promissor projecto fruto da parceria de dois grandes nomes da enologia (João Portugal Ramos e José Maria Soares Franco) a Duorum Vinhos S.A. O vinho que aqui falo é a nova aposta desta parceria nos vinhos de entrada de gama, um vinho feito com 50% Touriga Franca, 30% Touriga Nacional e 20% Tinta Roriz, tem passagem por barrica durante cerca de 6 meses, mostrando-se com uns cordiais 13,5% Vol. e tem um custo abaixo dos 4€, por isso um vinho indicado para o dia a dia.

No nariz é uma boa surpresa, acho até que vindo de quem vem nunca podia ser coisa ruim, mediano na intensidade mas directo e apelativo com fina complexidade dada pela passagem por barrica, centrado na boa fruta madura (morango, framboesa e amora). Portanto um vinho frutado, com boa frescura onde combina um suave vegetal (esteva) que se completa com o toque de madeira a embalar o conjunto, madeira esta que se mostra de forma suave e aconchegante aportando leve baunilha, cacau e especiaria.

Boca de entrada prazenteira, bastante equilibrado e novamente a fruta a mostrar-se de forma correcta, algo singela mas madura, média estrutura a dar ligeira secura a meio palato, final médio.

Muito bem feito e a cumprir aquilo que lhe é pedido, dar prazer. Afinal de contas quem compra um vinho é o que pretende, que o vinho lhe proporcione prazer, que seja amigo da mesa e que acompanhe bem a refeição, lombo no forno com ameixas por exemplo. Deve ser consumido a curto/médio prazo, podendo ser decantado para mostrar um pouco melhor as suas virtudes. 15,5 - 89 pts

12 janeiro 2011

Quinta da Ponte Pedrinha 2006

Revisito os vinhos da Quinta da Ponte Pedrinha, de Maria de Lourdes Mendes Oliva Nunes Osório, situada na Região do Dão, entre Seia e Gouveia. A sua vinha, implantada em solos graníticos desde há mais de 30 anos, tem raízes profundas nesta Quinta, os hectares de vinha que oferecem vida aos seus vinhos dão contornos de rara beleza à paisagem circundante. A tecnologia associada à vinificação levou à construção de uma adega à altura dos pergaminhos dos vinhos que sempre aí se produziram. Desta vez falo do tinto da colheita 2006, produzido a partir das castas Touriga Nacional, Alfrocheiro Preto e Jaen, foi estagiado em meias pipas de carvalho francês. Lembro-me deste tinto na ida colheita de 1997 quando ainda era João Portugal Ramos o seu enólogo, depois perdi-lhes o rasto, recentemente vieram até mim, já com nova roupagem, o branco foi provado juntamente com o tinto, os topos de gama optei por lhes dar mais tempo para se acomodarem um pouco mais à garrafa, prefiro provar vinhos cordatos no trato do que abruptos e sem modos

De nariz em mediana intensidade, cordato com um travo doce com esteva, bosque, algum vegetal seco a lembrar chá preto e toque de fruta do bosque com leve compota a mostrar-se também presente.

Na boca entra com alguma frescura, sente-se o Dão mas um pouco desnorteado, talvez o tempo lhe esteja a pregar partidas, sente-se algum curto no final. O vinho bebe-se bem mas sente-se algo curto, talvez fruto de um ano rasca para fazer bom vinho. Não fiquei desapontado pois num ano mais sorridente a coisa estará certamente mais aprimorada, o preço simpático não chega aos 5€, mas gostei bem mais do branco. 14,5 - 86 pts 

11 janeiro 2011

Maria Mansa 2004

Depois de já ter falado aqui no Maria Mansa branco, e da surpresa que se revelou a quando da sua prova, eis que volto com a versão tinta do Maria Mansa. O produtor é a Quinta do Noval, situada na estrada que liga o Pinhão a Alijó, cerca de um quilómetro antes de Vale de Mendiz, a Quinta do Noval distingue-se pela beleza dos seus terraços. Proveniente de uvas de letra A dos agrestes socalcos do coração do Douro, de entre as castas típicas da região, predomina na sua constituição a Roriz, Touriga Franca e Touriga Nacional.

O resultado é um nariz de boa intensidade com aroma fresco com fruta madura em tons de frutos do bosque (amora preta) e fruta de caroço (ginja) ligeiramente compotadas e misturadas com cacau, esteva seca, apimentado com ligeiro balsâmico de fundo. Muito bem desenhado e a dar uma prova muito satisfatória

Boca equilibrada de mediana estrutura, arredondado e macio, com a fruta de qualidade a desfazer-se a meio palato, boa frescura de conjunto, novamente toques de cacau morno, secura vegetal e especiaria sem incomodar pois o vinho mostra uma leve sensação de cremosidade/conforto a meio. Harmonia com a prova de nariz num todo muito pronto a beber.

Um vinho em grande momento para ser consumido, talvez um pouco "Novo" Douro mas nem por isso deixa de dar prazer à mesa. É certamente uma aposta ganha para todos aqueles que dele se aproximarem, será difícil  resistir-lhe até porque o preço comedido ajuda à tentação, ronda os 8€. Curiosamente são vinhos pouco falados estes Maria Mansa, vinhos que não captam atenção dos holofotes da fama, não entendo a razão uma vez que a boa relação preço/qualidade é muito boa tanto no tinto como no branco. 16 - 90 pts

10 janeiro 2011

Duas Quintas Reserva branco 2009



Este vinho não é uma novidade, apesar de o poder ser para os mais distraídos, sendo este Reserva 2009 a segunda edição do Duas Quintas Reserva Branco. Duas Quintas é sinónimo de blend: de terras de alta e baixa altitude, de maturação e frescura, de xisto e de granito... 2009 foi um ano seco e bastante quente no Douro Superior, em geral a produção foi menor e os vinhos brancos são caracterizados por terem concentração e grande volume de boca, recordo aqui a prova do Duas Quintas branco 2009. Para este Reserva foram seleccionadas das Quintas de Ervamoira e Bons Ares, 7 castas brancas do Douro, as uvas prensadas e depois o mosto fermenta em barricas de carvalho francês de diferentes capacidades e idades, onde estagia, depois de se transformar em vinho, durante 7 meses sob as borras finas tendo sido engarrafado em Maio de 2009.
Tinha tido uma excelente impressão a quando da prova na apresentação da colheita 2008, na altura provado um pouco em cima do joelho o vinho revelou-se uma enorme surpresa, finalizando a prova pensei que o gostaria de ver um pouco mais afinado como conjunto... 

De nariz mostra-se levemente cerrado, presença de fruta bem limpa e viçosa, citrinos e fruta de caroço com alguma pêra verde. A intensidade é boa, não exagera nem nos faz ter de andar por ali a esforçar a ver de algum aroma perdido, é todo ele afinado e refinado, com flores brancas a deitar bom aroma, com a madeira muito bem integrada, sustenta mas não incomoda, dá algum conforto e companhia esbatendo-se em toque de ligeiríssima baunilha em final com bela dose de mineralidade. 

Boca a mostrar-se em plena harmonia com a prova dada pelo nariz, que se diga que isto é sempre bom de se encontrar, os 14% Vol. apenas lhe dão o músculo para carregar com todo o conjunto de forma a que não entre desequilíbrios tolos. Entra bem fresco com a acidez limonada, frutaria fina a sentir-se na ponta da língua, remata com toque vegetal fresco, herbáceo, esteva do monte, depois algum abrigo e serenidade do arredondamento da madeira para de imediato a mineralidade se querer impor até ao final de boca. Direi que tem tudo para ser o que é, um grande vinho do Douro.

Um vinho cheio de carácter e fiel às suas origens, as castas são tipicamente do Douro e o vinho cheira e sabe a Douro. Vejo cada vez mais neste produtor um exemplo que representa bem o que são os vinhos do Douro, a mestria do blend, o ir de encontro às castas nacionais, a procura de tudo aquilo que o Douro tem para nos dar de melhor. Este Reserva branco é um fiel exemplo de tudo aquilo que acabo de escrever, tem garra e raça para pratos mais puxados, peixes gordos no forno, polvo à lagareiro, lulas recheadas... 93 pts

Jacob´s Creek Chardonnay Pinot Noir Brut Cuvée

Jacob´s Creek é a marca de vinhos mais conhecida da Austrália, lançou recentemente para o mercado um vinho espumante de categoria superior produzido a partir das castas Chardonnay e Pinot Noir. Um vinho que pela prova que deu se mostrou versátil, tanto como entrada a solo ou com canapés, acompanha alguns pratos de peixe e marisco mais delicados ou simplesmente para beber descontraidamente. É produzido por um dos maiores produtores da Austrália,  cujos vinhos já me tinham acostumado a uma boa relação preço/qualidade. Apesar do preço rondar os 10€, não se mostra caro para a qualidade que apresenta, temos ofertas nacionais bastante interessantes para este nível que aqui presenciamos.

Caindo no copo, nariz a destacar-se pela frescura e limpeza da fruta que mostra logo de inicio, muito citrino com toques de bagas brancas. Conjunto afinado e com certo refinamento, toque de leve fumado na ligeira sensação de mousse, aqui de limão, com arredondamento a fazer-se sentir. Na boca corresponde muito bem ao encontrado na prova de nariz, novamente o toque citrino com a sua mousse que nos enche ligeiramente o palato, tem um certo toque de elegância e mostra-se envolto em frescura num todo harmonioso que se prolonga bem até ao final de boca.

Graduação de 11,5% Vol. num vinho que se mostra pronto a ser uma bela companhia à mesa, afinal de contas os bons espumantes vem de todo o lado e pelo preço pedido temos um exemplar bem feito que cumpre muito bem o papel para o qual foi desenhado. 15,5 - 89 pts

09 janeiro 2011

Sem eira nem beira... os 2 piores vinhos provados de 2010.

Os tempos dizem que são de crise, embora as notícias da TV só falem de milhões a entrarem e a saírem de bancos com nome duvidoso e de alguns bolsos bem forrados que por lá vão passando. Dá que pensar quando afirmam que os gestores portugueses são dos mais bem pagos e depois Portugal está enfiado na crise até às orelhas...
A pensar nessa maioria que vive diariamente com o monstro da "crise" e que conta os cêntimos até ao final do mês, alguns produtores de vinho tentaram contornar o problema de ficarem com ainda mais vinho preso na adega e lançaram mãos à obra criando os vinhos "low cost", depois de termos Restaurantes a praticarem refeições "low cost" agora veio a vez dos produtores de vinho. Um desses exemplos é a José Maria da Fonseca, casa que não precisa de apresentações e que lançou no ano passado dois vinhos de nome JMF em versão tinto e branco com preço de propaganda a fincar pé no 1.99€.
Decidi perder a cabeça e entrar na onda consumista e comprei os dois exemplares, as minhas expectativas eram as suficientes para pelo menos esperar algo de que gostasse minimamente, afinal o produtor nunca me tinha acostumado a coisas más. Enganei-me e os dois vinhos em causa entraram directamente para o top dos piores vinhos provados durante 2010. O rótulo é horrível, quase a fazer parecer que por ser vinho barato o pobre coitado que o comprar nem direito tem a uma coisa decente, não gostei da apresentação e o que teria a dizer sobre cada um dos dois vinhos não seria nada de bom. Primeiro de tudo temos dois vinhos Regionais em que o ano de colheita é completamente omitido, ninguém sabe portanto se os vinhos em causa são de um ano ou são um blend de vários anos, também não vejo razão para não colocar o ano de colheita se o vinho for de um só ano, portanto para o preço em causa só posso pensar que são sobras que por lá andavam. O branco o menos mau, é uma mistura de Fernão Pires e de Moscatel, um Moscatel mudo e calado, com uma gotinha limonada do Fernão Pires, nada mais que isto, em casa faço limonadas com mais aroma, acidez e concentração do que este branco. O JMF tinto mostrou-se como uma mistura de Castelão e Aragonez, derrapou completamente na prova, aroma a adega com fruta passificada e esmagada, pouco limpa, adocicado, na boca desequilibrado e a saber a vinho deixado no frigorífico por uma semana. Pensei que não me estava a acontecer, mudei de copo e tentei provar novamente, nada a fazer, foi cuspir e verter directamente as duas garrafas pela pia abaixo... dei o dinheiro como mal gasto, no caso do tinto por mais 1€ comprei o Tons de Duorum 2009 (Douro) que ao pé deste tinto parece um Batuta. Tenho é pena dos "pobrezinhos" , vá lá beba e não diga que não gosta que no rótulo diz José Maria da Fonseca... JMF Tinto 10 - 75 pts e JMF branco 10,5 - 76 pts

06 janeiro 2011

Copo de 3 na versão Telemóvel

QR Code do Copo de 3
Antes de qualquer outra coisa, quero desejar a todos aqueles e aquelas que visitam o Copo de 3, e que cada vez são em maior número, um feliz 2011 cheio de saúde e excelentes momentos.
Com uma cada vez maior aceitação e proliferação dos Smart-Phones no mercado, achei que seria uma boa ideia lançar-me à aventura e criar a versão do Copo de 3 num formato mais acessível e direccionado para todos os que querem aceder via telemóvel, torna-se por isso possível ainda mais estar acessível em todo o lado. Acontece que a página "normal" é visitável e navegável mas em alguns telemóveis mostra problemas pois o tamanho que ocupa acaba por não facilitar em nada a leitura, deste modo esta nova versão permite a todos uma leitura fácil de todo o conteúdo dos posts a colocar e já colocados.
Para aceder basta utilizar o seguinte link directamente no telemóvel: COPOD3.WIRENODE.MOBI ou utilizar o respectivo QR Code acima colocado.
 
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