Copo de 3: Romano Cunha 2009

30 junho 2016

Romano Cunha 2009



As notícias voam, mesmo quando são más, mas felizmente que neste caso eram boas ou direi muito boas mesmo. Mas talvez para entender tudo convém recuar uns anos e rumar à região do Bierzo (Espanha) onde se começava a destacar com os seus primeiros vinhos o enólogo que hoje em dia é considerado dos melhores do mundo, Raul Perez. Os anos foram passando e a notoriedade de Raul foi crescendo ao mesmo ritmo que a qualidade e o número de vinhos que nasceram com a sua assinatura. Com uma ligação muito forte à terra, os seus vinhos mostram-se genuinamente tentadores, cativantes e são alvo por parte dos consumidores de uma desenfreada correria para os conseguir ter antes que esgotem. Nomes como os Ultreia, El Pecado, Rara Avis, Sketch, La Claudina entre outros vão ecoando pelo mundo, depois as pontuações fizeram o resto. Agora a notícia que tinha lido era que o próprio Raul Perez anda por Trás os Montes, na sua busca pela diferença e por trabalhar com castas locais e tantas vezes esquecidas. Ora o nome de Raul Perez está de algum modo associado a este vinho que agora aqui coloco de nome Romano Cunha. Para os que estão acostumados aos clássicos do Raul, podem no imediato encontrar semelhanças entre este e os restantes rótulos. 

Mas não ficamos apenas pelo rótulo, ainda bem digo eu, o melhor mora lá dentro. O vinho que se pode encontrar na Garrafeira Wines9297, foi-me dado a provar às cegas e já com umas 18 horas de decantação, cheirei e sorri no imediato. É daqueles perfume que não engana e nos mete a pensar, onde é que já vi disto e lembrei-me do Ultreia Saint Jacques, muita fruta madura com acidez e muito limpa, o toque da madeira apenas lhe ampara a alma e sem quebras tem ainda a graça de crescer e desdobrar-se no copo. Coeso e com muita vida, ao mesmo tempo elegante e a pedir tempo, não de copo mas de garrafa. Um atrevido direi, algo que na prova de boca apenas se confirma, o reino dos vinhos extraídos e dos monolitos negros e escuros fica à porta, aqui o que se tem é um vinho elegante, com frescura vincada e conjunto repleto dos detalhes dos sabores de fruta, frescura que embala um conjunto de sabores que parecem não querer ir embora tão cedo, perdura e fica, pimenta, cacau, final com taninos finos mas presentes, aquele travo que se instala e perdura... no imediato lembrei-me do bem que fica com um naco de novilho na grelha, fui para casa e fiz-lhe a vontade. 92 pts

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