Copo de 3: Quinta da Bica

06 março 2013

Quinta da Bica


É passando um imponente portal que se entra nos domínios da Quinta da Bica, a destacar o magnífico solar seiscentista, cuja origem estará num convento que já existiria entre 1550 e 1650. Reza a tradição que é a Bica que ali mora que dá nome à Quinta, vontade lhe seja feita. Pertença da família Sacadura Botte, a produção de vinho começou no ano de 1989 pelas mãos de João Sacadura Botte com enologia do Prof. Virgilio Loureiro, em 1992/1993 foi ano de transição e a enologia muda de mãos para o Mestre Magalhães Coelho. 
Nos dias de hoje os destinos da Quinta são geridos pela matriarca da família, Filipa Sacadura Botte com a preciosa ajuda da sua filha mais nova, Madalena Sacadura Botte, a enologia está a cargo do enólogo Paulo Nunes.

Já por duas vezes tive oportunidade de visitar a Quinta da Bica, os vinhos que ali nascem fazem parte da minha memória enófila. Não escondo o carinho que tenho pelos seus vinhos, um perfil que tanto me agrada vai para largos anos. Foram também dos primeiros vinhos que conheci da região, aquele perfil fresco onde a fruta bem viva e com muito boa acidez marca a bitola, cujo envelhecimento é tão nobre como as paredes que os viram nascer. 

Os anos foram passando, foi em 1989 que nasceu a primeira colheita, vinho feito com engaço total, seria a única colheita em que tal aconteceu, depois disso o desengaçador entrou em funcionamento. As colheitas foram seguindo, à medida que os anos avançavam ligeiros retoques foram feitos, quer no lote onde passou a entrar a Tinta Roriz quer no rótulo que foi sendo alterado sem perder a elegância que sempre teve e ainda hoje mantém. A colheita de 2001 fica marcada pelo falecimento do proprietário. Os destinos da enologia ficam a partir de 2003 a cargo do enólogo Paulo Nunes, a Quinta da Bica sem nunca perder o seu perfil ganha asas e relança-se no mercado com novas propostas, branco, rosado e Reserva entram no portefólio da casa, os vinhos de hoje tal como os vinhos de antes, seguem a mesma pisada, o mesmo perfil e a mesma qualidade. Hoje como antes, continuo a sorrir sempre que abro um Quinta da Bica.


Quinta da Bica branco 2011 Perfumado, delicada complexidade que começa em flores brancas, passa por fruta (nectarina, citrino) madura e termina com toque de alecrim. Pelo meio colherada de geleia que parece conferir-lhe sensação de algum volume. Na boca entra com fruta e flores no sentido do nariz, arredonda ligeiramente a meio palato onde não disfarça alguma untuosidade (a dar volume), final seco e muito longo com rasto mineral.  91 pts  05 JULHO 2013

Quinta da Bica branco 2012: Claramente diferente do que habitualmente se encontra no copo, é branco fresco e de enorme candura, onde a fruta (melão, lima) nos guia de mãos dadas com flores, erva cidreira e uma delicada carga de ervas aromáticas. Na boca é envolto em sabor marcado por fruta e leve tisana de ervas, mediano no corpo, com final seco, delicado e com uma mineralidade que lhe assenta lindamente.  91 pts 03 DEZEMBRO 2013


Quinta da Bica 2009: Este 2009 será porventura um dos meus favoritos, muito jovial, direi que para mim ainda é cedo para o abrir, que vinhos como este merecem benefeciar um pouco da acalmia dos tempos. A longevidade está mais que comprovada, agora nos novos lançamentos o enólogo Paulo Nunes (um grande Enólogo com direito a larga caminhada na passadeira do sucesso) apenas mostra a maneira como soube pegar num modelo passado, clássico, e reinterpretar o mesmo colocando-o no presente sem que a alma do vinho fosse tocada. 91pts

Quinta da Bica 2005: Nota-se a vivacidade e inquietude da juventude mesmo quando no BI já indica ter 7 anos. Prova a mostrar vigor, fruto silvestre, novelo compacto e  ainda com algo por desenvolver, toque fumado, bom de nariz com boca à altura, frescura, perfume floral com notas de cacau. A prova de boca mostra já boa harmonia, um colheita no seu melhor. 91pts

Quinta da Bica 2003: Mais detalhado e ao mesmo tempo mais maduro que o 2001, a cereja gorda e roliça manda, todo ele um pouco melhor no alinhamento das partes, canela, toque de pinho, baunilha, secura com a frescura bem enquadrada. Dá uma boa prova com a riqueza de uma fruta opulenta e de alguma forma, gulosa. 90pts

Quinta da Bica 2001: Consensual, está na forma como se mostra, situado entre a exuberância bonita e perfumada do 2003 e a afirmação adulta e esclarecida do 2000, vinho fino, fresco e complexo, maduro com complexidade mediana. Parece não ter a mesma desenvoltura o que o deixa com uma performance algo baixo dos outros dois. 89pts

Quinta da Bica 2000: Vinho adulto, sério, pronto a entrar naquele estado nirvana que o irá prolongar por mais alguns anos, onde a fruta limpa e fresca, carnuda e sumarenta com caruma de pinheiro, cacau, bolacha, notas de fumo, tudo com muita e boa vida pela frente. Boca com frescura, corpo médio com nervo, fruta que se trinca, as cerejas, os mirtilos com acidez, bem frescos, depois o toque vegetal/bálsamo e uma natural secura que tão bem lhe assenta. 91pts

Quinta da Bica 1997: O que menos mostrou, direi o que achei menos bom, apesar da fruta que tem ainda com alguma frescura, achei-o mais delgado e confuso, sem grande vida tanto em nariz como na boca. Como em tudo na vida não podemos gostar de tudo, este foi o que levou sinal menos em toda a prova. 86pts

Quinta da Bica 1996De aromas frutados, maduros com suave compota (ameixa, bagas e amoras), tosta muito ligeira com couro presente, cacau e tabaco (caixa de charutos), mato seco, caruma de pinheiro e ligeiro mineral de fundo. Boca fresca e ligeiramente frutada, torrado presente muito leve com toque de frescura e passagem sedosa, ainda que mostre ligeiro travo vegetal, harmonia e equilíbrio na passagem de boca. Vinho delicado e muito polido, certamente um vinho muito bem educado e cortês. Respira-se Dão. 04 MAIO 2007 89pts  

Quinta da Bica 1995: Mostrou-se com uma boa evolução, aqui mora menos intensidade, todo ele mais sereno, toques de couro com compotas, suave nota de licor de cassis, bom perfume e complexidade. Mais arredondado na boca, nota de chocolate, menos seco, continua a dar uma bela prova. 88pts

Quinta da Bica 1992: Um vinho onde brilha no imediato uma fruta de grande qualidade, limpa, groselha vermelha muito viva e ácida, hortelã pimenta, pinho, profundo e de refinado bouquet. Na boca é longo, persistente, taninos a dar alguma secura, novamente aquele traço que o levam a brilhar à mesa, vinho em grande forma. 90pts

Quinta da Bica 1990: Sisudo, fechado, pouco diálogo com toques de fumo, muito menos intensidade que no anterior, todos ele com pouca luz, complicado vislumbrar o que lhe vai na alma. A seu tempo irei abrir nova garrafa e postarei nova nota. 87pts

Quinta da Bica 1989: Foi o primeiro, não aparenta a idade que tem, quer a boca quer o nariz apresentam uma belíssima frescura. Frutos do bosque, cereja, ainda com frescura, acidez e vivacidade, toque de caramelo, suave floral, pinho e fumo em fundo. Vinho profundo, adulto, final de boca longo e boa persistência, com uma boa dose de secura que o faz regozijar à mesa. 92pts



Quinta da Bica Reserva 2005: Uma versão mais adulta do modelo Reserva que parecer estar a ganhar forma, sem dúvida o melhor de todos até este momento, muita vida nos aromas de frutos negros, limpo, vigoroso com notas especiadas, floral, pinho, mato, vinho que está para durar. Madeira integrada com frescura e estrutura, balanço positivo da estrutura, boca repleta de sabor, fruta madura, carácter vincado que conquista de imediato. É e continuará a ser grande. 92pts

Quinta da Bica Reserva 2004: O Reserva vai ganhando maturidade, conquistando o seu estado de alma que ainda não teve serenidade para isso. Como tal este 2004 aparece com fruta madura, de boa intensidade, ameixa, alguma passa com toque balsâmico a lembrar pinho, especiarias. Boca com bom corpo, estruturado e a dar uma prova com muito saber e passagem saborosa. Frescura e profundidade num prolongado final de boca. 91pts

Quinta da Bica Reserva 2003: O primeiro Reserva da Quinta da Bica, é o mais maduro dos três aqui colocados, o mais redondo, guloso, pimpão, de cantos arredondados e com toques de bálsamo. Junta-se na gulodice ao Colheita do mesmo ano, encorpado e a tal frescura mais presente, ganhou este em corpo, em gordura. Ao mesmo tempo ainda tem boa acidez, amigo de longo convívio em conjunto com um arroz de pato. 90pts

Na gama Radix lançada pela Quinta da Bica numa série bastante limitada, conta com vinho Rosé, Tinto e Brnaco:

Radix branco 2010
É um vinho de aroma elegante, fresco, com refinada complexidade, limpeza de aromas onde destaca no imediato aromas de fruta (citrinos, alperce) com geleia, cera de abelhas, flores e rasgo mineral em fundo com invocações a lima-limão. Todo ele assente numa acidez muito viva, bom corpo com longo e refrescante final, presença de limão e mineralidade que perdura no seu longo e persistente final. Um vinho que apetece beber e ter por perto. Pena que sejam poucas garrafas, mas já me precavi. Dos brancos do Dão que mais me entusiasmou nos últimos tempos. (data de prova 11/6/2013) 91 pts

...em actualização constante.

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